Eu não sabia onde me enfiar, total meu desespero por literalmente sequestrar um desconhecido e forçá-lo a uma situação dessa. E agora?
O homem está tão desconectado que nem parece registrar o que esta acontecendo. A visão dele tão distante e o jeito como se deixou arrastar ao meu lado, sem protestar, tornavam a situação ainda mais desconfortável.
Enquanto caminhávamos para a sala reservada para o jantar, nos afastei um pouco da tagarelice de Ramona e olhei para o homem com uma mistura de preocupação e frustração.
— Olha, eu sei que as coisas podem estar difíceis, mas você realmente precisa se esforçar um pouco mais. — Eu disse baixinho, tentando adicionar um tom de compreensão à minha voz.
Ele piscou algumas vezes, como se estivesse saindo de um transe, finalmente olhando para mim e minha proximidade. Tentou puxar o braço, mas segurei firme e com o gesto, acabei machucando meu ombro já dolorido. Gemi baixo e ele parou, conseguindo por fim livrar meu braço do dele, de maneira gentil. Fiz uma careta, pois a dor acabou se intensificando.
— Algum problema com seu ombro? — sua voz grave soou genuinamente preocupada.
Olhei para ele mais intensamente, enquanto o homem ainda esperava uma resposta minha. Já havia ouvido aquela voz antes. Ramona, que estava mais distante, acabou voltando quando nos viu parados.
— O que foi? Ainda não se recuperou do acidente?
— Não, está tudo bem — menti, suspirando fundo.
— É melhor irmos, já estamos atrasados.
— Irmos? — O homem agora resolveu reagir para meu desespero. Ramona olhou de mim para ele, incrédula.
— Não se preocupe, iremos logo. Só preciso de um tempo, meu ombro... — Parece que a desculpa foi aceitável porque ela apenas assentiu, voltando a caminhar.
Respirei fundo quase me largando no chão, meus pés pesados. Quando achei que estava segura, sem Ramona por perto, olhei para o meu "namorado" temporário, meu coração disparado como se tivesse corrido uma maratona.
— Desculpe por isso — murmurei, sem saber o que mais dizer.
— Se não estiver bem, há uma emergência aqui perto...
— Não, não é nada — insisti na mentira.
Ele me encarou com uma expressão que não dava nenhuma pista sobre o que ele realmente estava pensando, embora seu tom demonstrasse preocupação. Eu sentia que a situação estava se tornando ainda mais complicada do que eu esperava. Agora que eu o usei como meu namorado, o que faria a seguir?
— Preciso ir ao banheiro — eu disse, em um sussurro rouco.
Ele me acompanhou até o banheiro e passei alguns minutos me encarando no espelho. Minha vontade era chorar e sair correndo dali. A costela e ombros doíam, poderia simplesmente usar isso como desculpa para ir embora.
E era isso que iria fazer. Chamar Mabel e Nathan e informar que não estava bem, e que iria ao hospital. Sim, isso poderia dar certo.
Ao sair do banheiro, o estranho estava a minha espera. Porque ainda estava ali, eu não queria realmente saber, mas se ainda estava preocupado, poderia abusar um pouco mais de sua gentileza.
— Obrigada por esperar.
Ele não respondeu.
— Posso aproveitar sua gentileza e pedir sua ajuda? — Soltei um sorriso que eu esperava parecer convincente, apesar da frustração. — Então, preciso fazer algo rapidamente, você poderia me acompanhar?
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Mentira Que Virou Amor
RomanceIMPORTANTE: História em construção, então sinopse, capa e o título são provisórios. Quando a história for finalizada, será publicada na íntegra na Amazon, ficando apenas alguns capítulos de degustação. Historia crua, primeira versão. Sinopse Provisó...