Capítulo 4

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Eu não sabia onde me enfiar, total meu desespero por literalmente sequestrar um desconhecido e forçá-lo a uma situação dessa. E agora?

O homem está tão desconectado que nem parece registrar o que esta acontecendo. A visão dele tão distante e o jeito como se deixou arrastar ao meu lado, sem protestar, tornavam a situação ainda mais desconfortável.

Enquanto caminhávamos para a sala reservada para o jantar, nos afastei um pouco da tagarelice de Ramona e olhei para o homem com uma mistura de preocupação e frustração.

— Olha, eu sei que as coisas podem estar difíceis, mas você realmente precisa se esforçar um pouco mais. — Eu disse baixinho, tentando adicionar um tom de compreensão à minha voz.

Ele piscou algumas vezes, como se estivesse saindo de um transe, finalmente olhando para mim e minha proximidade. Tentou puxar o braço, mas segurei firme e com o gesto, acabei machucando meu ombro já dolorido. Gemi baixo e ele parou, conseguindo por fim livrar meu braço do dele, de maneira gentil. Fiz uma careta, pois a dor acabou se intensificando.

— Algum problema com seu ombro? — sua voz grave soou genuinamente preocupada.

Olhei para ele mais intensamente, enquanto o homem ainda esperava uma resposta minha. Já havia ouvido aquela voz antes. Ramona, que estava mais distante, acabou voltando quando nos viu parados.

— O que foi? Ainda não se recuperou do acidente?

— Não, está tudo bem — menti, suspirando fundo.

— É melhor irmos, já estamos atrasados.

— Irmos? — O homem agora resolveu reagir para meu desespero. Ramona olhou de mim para ele, incrédula.

— Não se preocupe, iremos logo. Só preciso de um tempo, meu ombro... — Parece que a desculpa foi aceitável porque ela apenas assentiu, voltando a caminhar.

Respirei fundo quase me largando no chão, meus pés pesados. Quando achei que estava segura, sem Ramona por perto, olhei para o meu "namorado" temporário, meu coração disparado como se tivesse corrido uma maratona.

— Desculpe por isso — murmurei, sem saber o que mais dizer.

— Se não estiver bem, há uma emergência aqui perto...

— Não, não é nada — insisti na mentira.

Ele me encarou com uma expressão que não dava nenhuma pista sobre o que ele realmente estava pensando, embora seu tom demonstrasse preocupação. Eu sentia que a situação estava se tornando ainda mais complicada do que eu esperava. Agora que eu o usei como meu namorado, o que faria a seguir?

— Preciso ir ao banheiro — eu disse, em um sussurro rouco.

Ele me acompanhou até o banheiro e passei alguns minutos me encarando no espelho. Minha vontade era chorar e sair correndo dali. A costela e ombros doíam, poderia simplesmente usar isso como desculpa para ir embora.

E era isso que iria fazer. Chamar Mabel e Nathan e informar que não estava bem, e que iria ao hospital. Sim, isso poderia dar certo.

Ao sair do banheiro, o estranho estava a minha espera. Porque ainda estava ali, eu não queria realmente saber, mas se ainda estava preocupado, poderia abusar um pouco mais de sua gentileza.

— Obrigada por esperar.

Ele não respondeu.

— Posso aproveitar sua gentileza e pedir sua ajuda? — Soltei um sorriso que eu esperava parecer convincente, apesar da frustração. — Então, preciso fazer algo rapidamente, você poderia me acompanhar?

A Mentira Que Virou AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora