Capítulo 18

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Enquanto o celular enviava a mensagem para Leaby, algo me dizia que, quando o assunto fosse Yuuki, as coisas estavam longe de ficar resolvidas.

Conversamos sobre outras coisas, Mabel fofocando sobre alguns amigos e como Nathan estava estressado com o trabalho e com alguns assuntos de família. Forcei um sorriso, havia muito tempo que não conversava com ele e nem me motivava a responder mais que monosilabicamente suas mensagens. Já basta um problema na minha vida.

E então, como se o universo estivesse determinado a testar minha sanidade, o telefone vibrou na mesa, a tela brilhante mostrando o nome de Yuuki. Meu coração deu aquela velha e conhecida pirueta. Por um breve segundo, considerei ignorá-lo. Mas claro que não fiz isso. Respirei fundo antes de atender.

— Oi, Yuuki — tentei soar casual e até amistosa, mas havia uma tensão nos meus ombros que eu não conseguia disfarçar.

— Ei, como você está? — A voz dele parecia suave, com aquela calma que só ele tinha.

Mexi no café já meio frio na minha frente, tentando encontrar a resposta mais neutra possível.

— Estou bem — menti. Porque era isso que se fazia nessas situações, certo? Soar amigável e distante ao mesmo tempo, um equilíbrio impossível que eu claramente não dominava.

Ele hesitou do outro lado da linha e o silêncio entre nós parecia engolir qualquer tentativa minha de ser indiferente. Só espero que não tenha percebido minha falta de entusiasmo.

— Está tudo bem mesmo? Você parece... sei lá, diferente. Se fiz algo ontem a noite...

Fechei os olhos e apertei a ponta do nariz. Claro que ele percebeu. E tinha mesmo que lembrar de "ontem a noite?"

— Não, tá tudo certo. Só estou... ocupada. — Era uma meia verdade, certo? Eu estava ocupada. Ocupada demais tentando não me apaixonar.

— Ah, entendi. — Ele fez uma pausa e, por um momento, achei que a ligação ia terminar aí. Eu podia imaginar a expressão dele do outro lado da linha, seus olhos se estreitando, aquele jeito pensativo, como se estivesse ponderando o que dizer. Com uma voz um pouco hesitante, ele continuou. — Minha mãe quer te convidar para um almoço. Perguntou quando você estaria disponível. — Ele fez uma nova pausa, esperando minha reação. — Quando você acha que pode ir?

Eu congelei, sentindo a tensão tomar conta. Um almoço com a mãe dele? A última coisa que eu queria era me envolver ainda mais com a família dele.

— Ah... — comecei, sem nem saber como terminar a frase. — Então... acho que não vou poder. Tenho uma degustação de catering marcada. Sabe, para o casamento da Mabel... — Eu sabia que estava enrolando, mas era a única coisa que me ocorreu. Queria poder recusar sem parecer que estava fugindo, o que, é claro, era exatamente o que eu estava fazendo.

Silêncio. Aquele silêncio incômodo que faz você querer se enfiar embaixo da mesa. Eu sabia que ele estava processando minha desculpa esfarrapada. E pior ainda, eu podia sentir a decepção na sua voz quando ele finalmente respondeu:

— Ah, entendo... — Ele parecia tentar soar compreensivo, mas havia uma pontinha de tristeza ali, como se minha recusa tivesse cortado alguma expectativa que ele não queria admitir que tinha.

Meu peito apertou de uma forma desconfortável. Eu não queria machucar Yuuki, mas também não queria me machucar. E ali estava eu, no meio de uma encruzilhada emocional, sem saber que caminho tomar.

— Mas... — minha boca começou a falar antes que eu pudesse pensar. — Você... quer vir comigo? — disse, num impulso desesperado de apagar a tristeza na voz dele. — A gente pode ver um dia pro almoço depois...

A Mentira Que Virou AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora