Capítulo 20

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Eu tentei, juro que tentei voltar ao clima alegre e gostoso, mas com Naty muito perto e aberto demais para meu gosto e Yuuki de punhos cerrados, como se estivesse se preparando para pular em defesa da minha "honra" a qualquer segundo, estava impossível relaxar. Cada mordida vinha com um novo olhar de desprezo, uma nova ironia velada ou um comentário passivo-agressivo. Aquilo estava me deixando louca.

Então resolvi finalizar logo a degustação, irritada por não consegui aproveitar o tanto de doce que ainda tinha para provar.

— Acho que já está tudo decidido. Vamos ficar com esses — concluí, sentindo o alívio de finalmente sair daquela situação.

— Perfeito. Esta etapa então está concluída — Leaby concordou mais que rapidamente, satisfeita com as escolhas.

Assenti, suando frio por trás do meu sorriso educado.

— Vou ao banheiro — anunciei, me levantando da mesa enquanto Miura puxava uma conversa com Leaby.

Senti um leve enjoou, acho que extrapolei nos doces. Enquanto saia do banheiro, pronta para escapar sem mais problemas, dei de cara com Nathan no corredor.

— Ei... — Sua expressão estava séria e meu coração afundou. Eu sabia que aquilo não ia acabar bem.

— Algum problema?

Ele se aproximou um pouco demais, quase me encurralando em uma parede e me olhou com uma intensidade possessiva que me deixou rapidamente em alerta.

— Só queria te dizer que acho estranho você confiar tanto nesse médico.

— Como assim? — franzi o cenho, confusa.

— Tem algo estranho nesse Yuuki.

— Naty, ele é meu namorado.

A palavra "namorado" saiu da minha boca amarga. Eu ainda não sabia o que de fato éramos, o acordo todo com Yuuki se tornando mais do que confuso. E, claro, Nathan notou, balançando a cabeça, não convencido.

— Vi como ele brigou com o dono do restaurante naquele jantar. Aquilo não foi normal.

— Naty, por favor. Você sabe que o Yuuki e o dono daquele restaurante são amigos de longa data. E nós ganhamos bebidas de graça quando vamos lá. — Já estávamos ambos cientes disso, mas ele ainda insistia em dramatizar.

— Eu ouvi ele no telefone, falando com uma mulher. E não parecia ser uma conversa amigável.

Meu coração apertou e engoli em seco. Poderia ter sido a Betsy? Ainda não tive uma boa oportunidade para conversar sobre isso com Yuuki, e nem tenho certeza de que realmente possa entrar nesse assunto, não somos íntimos. E eu não deveria me importar...

— Ele é agressivo. Não quero que ele faça o mesmo com você.

Engraçado ele falar isso, sendo que também estava na agressividade mais cedo. Minha paciência, que já estava por um fio, se rompeu.

— E por que está me dizendo isso agora? Teve todo o tempo do mundo para fazer isso...

— Estou preocupado, Bee. Você é minha amiga — disse, com um tom magoado, mas insistente. Ele se aproximou, tocando gentilmente em meu rosto, mas fui rápida em tirar e senti que ele não gostou.

Estava cansada dessa pressão toda. Tudo parecia um teste de paciência e eu estava falhando miseravelmente, quase ao ponto de surtar.

— Isso não tem nada a ver com você. Eu não preciso de babá. Sei cuidar de mim mesma.

— Rubie, me escuta. Não acha que tem algo mais acontecendo?

— Está insinuando que ele pode estar me traindo?

A Mentira Que Virou AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora