Capítulo 25

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Lucretia sugeriu que nos movêssemos para a sala de jogos, onde sobremesas seriam servidas. Isso parecia promissor, um lugar mais descontraído, talvez até divertido.

A sala era grande, com todo tipo de entretenimento para manter qualquer pessoa rica e entediada minimamente ocupada. Havia uma mesa de sinuca no centro, um fliperama vintage em um canto e até uma poltrona de couro desgastado que eu juraria ser mais confortável que minha cama. Mas o que realmente me interessava era encontrar uma desculpa pra sair de perto de Dean.

— Então, Rubie, animada para um jogo? Que tal Lair Lair? — A voz dele pingava sarcasmo, como sempre.

— Não conheço o jogo, mas se me ensinar as regras, por que não? — Sorri. Falso, claro. E, enquanto eu tentava procurar alguma rota de fuga (ou Yuuki que simplesmente tinha evaporado. Sério, onde ele se meteu?), Dean continuava com aquele olhar arrogante.

— É um jogo de cartas simples. Até mesmo você conseguiria jogar.

Revirei os olhos, mais internamente do que externamente, já que meu nível de coragem estava regredindo sem Yuuki por perto.

— Claro, Miura certamente iria adorar ajudar com isso. — Miura seria uma boa oportunidade para eu me separar desse inconveniente, mas ele parecia ter outros planos.

— Sim, Miu é ótima com essas questões de jogos — disse ele de maneira casual. — Vamos reunir o pessoal... Oh, Parece que Yuuki e Betsy deram uma escapada, não é? — Ele deu um sorriso cínico, como se estivesse saboreando cada palavra. Meu estômago revirou de ansiedade.

Forcei novamente um sorriso, do tipo que você dá quando quer que a pessoa desapareça instantaneamente, mas ao invés disso, Dean se aproximou mais. Ótimo, era tudo que eu precisava, pensei, enquanto meus olhos varriam a sala procurando desesperadamente alguém — qualquer pessoa — para me salvar da companhia insuportável daquele homem.

— Por que não procuramos por eles? — sua sugestão era claramente uma armadilha, embora eu estivesse realmente curiosa para saber onde esses dois se meteram. E, bem lá no fundo, desejava que Yuuki não estivesse com a outra.

— Não acho que seria educado vagar por aí na residência dos outros...

— Besteira! — ele riu quase cômico. — Podemos até aproveitar e visitar algumas galerias da mansão. Tenho certeza que vai adorar. — Se ele não fosse amigo de quem fosse, até acharia que estava realmente tentando ser simpático comigo. — Miu, vem cá!

E, como um filhote de labrador empolgado, ela apareceu com o sorriso mais brilhante do mundo.

— As galerias? Vamos! Tem umas esculturas de gente nua incríveis que você precisa ver! — disse ela, já indo na frente, enquanto eu assentia, rezando para que isso significasse menos tempo com Dean.

— Por que você se empolga com esse tipo de coisa?

— Nada melhor do que o estudo do corpo humano.

— Você nem quer ser medica.

— Isso não significa que não goste de um belo corpo! — ela riu marota dando a língua, e ele gargalhou. Tinham até me esquecido.

Não pude deixar de rir com a interação deles, Dean parecia até mais solto e Miura ria mais leve. Fiquei um pouco encucada com a relação deles, pois Dean tinha um brilho diferente nos olhos e sorria, mas não parecia aqueles seus sorrisos forçados. Já Miura parecia adorável, tão cheia de energia e curiosidade, que me senti culpada por querer sumir dali.

O corredor que levava à tal galeria parecia interminável, como se cada metro fosse preenchido com o cheiro insuportável do perfume caro de Dean. E, claro, porque a vida nunca me dá uma folga, ele decidiu tornar a caminhada o mais desconfortável possível.

A Mentira Que Virou AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora