Capítulo 29

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Enquanto ficávamos ali, em um silêncio pesado, Yuuki finalmente me soltou, segurando meu queixo para que olhasse para ele.

— Precisamos conversar — ele disse, em voz baixa.

— Agora? — perguntei, secando as lágrimas.

— Preciso entender por que você saiu do jeito que saiu da minha casa, Rubie. O que aconteceu?

Meu estômago revirou.

— Agora não, Yuuki. — Segurei a mão dele, sem nem perceber o que estava fazendo. — Eu não posso... não agora, por favor.

Ele assentiu devagar, apertando minha mão antes de soltá-la.

— Tudo bem. Vou esperar. Só saiba que estou aqui... para o que precisar.

Assenti, um tanto aliviada por ele não insistir. Ele segurou gentilmente minha cabeça e me beijaria, mas virei o rosto no automático, mordendo os lábios. Senti que ele travou, soltando meu rosto com um sorriso constrangido.

Horas depois, finalmente, um médico apareceu para nos dar notícias. Ele nos tranquilizou com a voz serena de quem já fez aquilo mil vezes.

— A cirurgia foi um sucesso. Ele está se recuperando bem e foi transferido para um quarto particular.

— Quarto particular? — Laureta e Levy se entreolharam, claramente surpresos.

Antes que eu pudesse perguntar, Yuuki, ao meu lado, sorriu de canto, com aquele ar de quem fez algo grande sem querer alardear.

Depois de tudo, Laureta me mandou para casa. Insistiu que estava tudo bem, que Gleen ficaria bem, e que eu deveria descansar. Não queria deixá-los, mas Laureta garantiu que ficaria bem, principalmente com um bonitão medico sendo tão atencioso. Dei uma risadinha nervosa, sentindo as borboletas costumeiras fazendo um estardalhaço em meu estômago. Me senti um pouco culpada e arrependida por ter recusado aquele beijo.

— Se precisar de algo, me chama, por favor. — Falei antes de sair, ainda preocupada, mas um pouco mais aliviada.

Não consegui agradecer Yuuki depois de tudo e estava tão cansada que voltei pra casa com o Levy. Ele aproveitou pra pegar Violla com Mabel, as duas bem preocupadas, sem notícias. Violla chorava no colo do pai, enquanto garantíamos que seu irmão já estava bem. Eles dois eram bem apegados, coisa de gêmeos, eu acho.

Cai na cama e logo apaguei, mas meu novo dia, claro, começou com mais uma dose de drama. Eu estava a meio caminho de encontrar meu celular perdido novamente para variar (parecia que o danado tinha pernas), quando Mabel apareceu na porta do meu quarto, com os olhos arregalados e aquele tom desesperado que nunca anunciava boa coisa.

— Bee, temos um problema!

— O que foi dessa vez? — Minha mente já começou a listar todas as tragédias possíveis.

— A igreja disse que a data do casamento sumiu do sistema!

— Como assim "sumiu"?

— Eu não sei também! — disse ela, com o rosto pálido.

— Os convites já foram enviados e agora não temos mais um casamento? — Meu tom de voz subiu junto com minha pressão.

— Eu sei! — Mabel quase gritou, desesperada. — O que eu faço agora?

Respirei fundo, tentando processar a situação. Pensava em visitar Glenn no hospital, consegui até uma troca de última hora com uma colega, então não trabalharia naquele dia. Por um lado foi até bom, mas por outro...

— Calma, Bel. — Minha tentativa de acalmar foi só na boca, porque minha cabeça já estava girando. — Vamos ligar pra Leaby, ela tem que saber o que tá rolando. Isso tem que ser algum mal-entendido.

A Mentira Que Virou AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora