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Kyan entra na sua casa e eu apenas o sigo com minha pior cara. Quando entramos ele me entrega um lanche, peguei com os olhos brilhando, nunca se nega comida.

-Na moral, Nathalia, vamos conversar de boa. Não faz muitas perguntas, mano. Eu não quero que você ache que te tratei igual uma puta, não foi isso - Kyan disse, tentando suavizar a situação.

Eu continuei comendo meu lanche, ouvindo o que ele tinha a dizer.

- Eu curti nossa noite, tá ligado? Mas eu não estou acostumado a viver de love, pô. Eu dormi contigo e não sabia o que fazer depois. Achei que estava passando dos limites se continuasse ali quando você acordasse.

Ainda ignorava Kyan, focada na comida.

- Não fica brava por isso -ele pediu, olhando-me com aquela expressão de cachorro abandonado.

Eu bufei, sabendo que ele estava tentando me ganhar com a sua lábia.

-Então, você está dizendo que o chefe do morro, que comanda todo o alemão, não sabe o que fazer com uma mulher na sua cama?

- Eu nunca trouxe nenhuma mulher para dormir na minha cama - ele disse, parecendo um pouco envergonhado. -Pareço um idiota falando isso, mas eu sou homem, tu sabe que tenho minhas necessidades, só que eu não trago ninguém aqui.

-Quanto mais você fala, mais se complica - zoei, achando divertido ver ele nervoso tentando se explicar.

-Aí, Nathalia - ele se levantou, irritado - tu vai ficar com raiva por causa disso? Eu não beijo qualquer uma porque, pra mim, é algo mais especial, e tu não quer acreditar?

Eu ri e sinalizei para ele se sentar ao meu lado.

-A raiva já passou, eu estava com fome - disse, olhando-o. - Obrigada por confessar que eu sou a única que você sentiu que era especial para beijar, a única que trouxe para sua casa e com quem dormiu.

- Não é bem assim - ele respondeu, ficando um pouco nervoso. -Aí, Nathalia, tô ficando com raiva de você. Garota chata, mano.

Me aproximei e dei um selinho em sua boca, mesmo com ele ainda bicudo.

- Obrigada pelo lanche -falei, levantando-me. - Preciso ir embora, chefe.

Ele levanta arqueiando as sombrancelhas

-E quem disse que é assim tão fácil? -Ele colocou as mãos na cintura, debochando. - Vai ter que dormir aqui de novo para não fazer desfeita.

Eu ri, achando a situação cada vez mais absurda.

-Chama suas "putas" - brinquei com um sorriso, e ele se levantou, aproximando-se de mim.

- Fica - sua voz saiu baixa enquanto ele me puxava para um selinho.

Eu estava incrédula com a situação. Kyan ainda era o mesmo homem que eu odiava, que me ameaçou e colocou uma arma na minha cabeça.

- Repete - pedi, enquanto ele fazia uma careta. - Preciso acreditar em tudo isso que você está fazendo. É difícil absorver.

Ele respirou fundo.

-Fica aqui comigo -ele disse baixinho, me beijando com um sorriso irreverente.

Revirei os olhos.

- Fico, chato!-falei, e ele sorrir

De repente, ele deu um passo à frente, e antes que eu pudesse processar, seus lábios estavam nos meus. Era como se, por aquele breve momento, todo o caos que ele trazia para minha vida se apagasse. Eu deveria resistir, eu sabia disso. Mas meus braços já estavam ao redor do pescoço dele, e eu me perdi na intensidade daquele beijo.

Quando nos separamos, ele manteve a testa colada na minha, os olhos fechados por um instante, respirando fundo. Eu também não conseguia falar. Não sabia o que dizer, nem o que sentir. O que isso significava? Para onde estávamos indo? Talvez, como sempre, Kyan não quisesse falar sobre o que vinha depois. Talvez fosse melhor assim

DOISOnde histórias criam vida. Descubra agora