-tu me viciou. Te odeio por isso- ele sussurra no meu ouvido.
Aquelas palavras dele vibraram em meu interior, uma mistura de raiva e algo mais que eu não queria reconhecer. A proximidade de Kyan, o calor do corpo dele, me fazia sentir coisas que complicavam ainda mais a confusão que já habitava minha mente.
-Você não pode simplesmente decidir isso por mim, eu tenho escolhas, se eu quiser outro alguém eu posso querer e ter-respondi, tentando manter a voz firme. - Não sou uma posse.
-Eu sei - ele disse, seu olhar profundo buscando os meus. - Mas você me deixou... diferente. E isso me assusta.
Eu me desvinculei dele, buscando distância para organizar meus pensamentos. O que estava acontecendo? Por que eu me sentia tão vulnerável e, ao mesmo tempo, atraída por esse homem que eu tinha tanto ódio.
Kyan se levantou, seu olhar agora sério. Ele se aproximou, com uma determinação que me fazia querer recuar, mas eu não queria.
- Eu não vou deixar você se sentir sozinha nesse inferno -afirmou, a sinceridade transparecendo em sua voz. -Mesmo que eu tenha feito coisas erradas, mesmo que você me odeie, eu estarei aqui.
A dor da perda e o ressentimento por tudo o que Felipe havia causado se misturaram com uma necessidade desesperada de ter Kyan ao meu lado. Olhei para ele, e por um momento, o mundo ao nosso redor desapareceu.
- Você acha que pode me ajudar ou proteger? - perguntei, um tom de desafio na voz.
Ele sorriu de um jeito que fez meu coração acelerar.
- estou disposto a lutar.
Aquelas palavras reverberaram dentro de mim, uma faísca de esperança que eu não esperava sentir. Eu queria acreditar nele, mas a sombra do passado ainda pesava.
- Então me conta tudo - pedi, com um fio de determinação. -Se vamos enfrentar isso juntos, preciso saber a verdade, do começo dessa história toda.
Kyan hesitou por um instante, depois assentiu, parecendo um pouco mais sério.
-Tudo bem- ele respira fundo.
seus olhos refletindo a gravidade da situação.
-Começando por Felipe...
-Felipe tinha envolvimento com o tráfico, não necessariamente dentro mas ele fornecia armamento e informações que ele descobria pelo seu pai que é policial. Ele se escreveu no concurso da polícia e entrou, então ele veio no morro falar com o antigo chefe que era o Alex. Ele não deixa sair quem se envolve no nosso meio, mas Felipe disse que faria oque ele quisesse pra ele poder vira policial.- me sento escutando cada detalhe.
Minha boca abre um pouco por conta do choque de ouvir essa informação.
- seu pai matou o meu em uma invasão, meu pai era envolvido com o Alex, ele era o braço direito. O Alex era muito amigo do meu pai, então ele sentiu muito essa perca, e então ele se aproveitou do Felipe para acabar com isso. Ele disse para que o Felipe matasse seu pai, já que ele tinha vínculo com sua família, e então ele se aproveitou da missão e matou ele a facadas.
O soco no estômago vem novamente mas dessa vez eu não choro.
-como meu pai me ligou?- pergunto e ele desvia o olhar.
- eu acompanhei o Felipe por ordens do Alex- ele diz sério- não deixei que Felipe terminasse de mata-lo. Ele ia morrer por conta do sangue perdido de todo jeito, então deixei que fosse doloroso a sua morte assim com foi para meu pai. Eu deixei um celular ao lado dele e disse "sua filha não vai aguentar", logo depois fui te buscar na entrada do morro.
Olho firme no olhos do kyan que não me olhava mas, ele estava carregado de ódio pelas lembranças.
-eu sabia tudo sobre você antes de te conhecer, sabia que a morte do seu pai seria seu fim. E era isso que eu queria, usar a morte dele para te matar e que você sofresse assim como eu sofrir já que minha mãe não permitia eu tocar no fio de cabelo seu. Mas você regenerou, você superou, e passou por cima se mostrando forte. Isso me chamou atenção, mesmo eu te ameaçando e apontando a arma para você, você não desistiu. Lutou por você, e pelas crianças. Naquele dia da invasão, você me salvou, eu ia morrer com aquela bala na perna, eu só queria sair metendo bala em todo mundo, mas você insistiu para me ajudar, foi ali que eu comecei a te olhar diferente.
-kyan...- me levanto e vou até ele e seguro na sua cintura. Ele tentava não me olhar, eu subo minhas mãos para seu rosto e seguro fazendo ele me olhar
-eu não mereço sua compreensão- ele diz baixo e eu encosto meu nariz no seu queixo por causa da diferença de altura.
- meu pai era policial certo ou errado?- minha última pergunta soava mais baixo.
-errado- ele respira fundo aproximando seu corpo do meu- ele matou muito inocente e várias crianças na invasão...ele usou a minha mãe como isca...
Levanto o rosto olhando séria. Como assim ele usou a Valéria como isca?
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DOIS
FanfictionNathalia, com sua personalidade forte, tenta superar a morte de seu pai. Ela se aproxima de Felipe, mas, em uma reviravolta inesperada, acaba conhecendo a favela e se depara com seu pior pesadelo: o dono do morro. A partir desse momento, sua vida co...