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Hoje era quinta feira. Faltava dois dias para o incêndio, como iríamos fazer isso? Eu também não sei.

Era para o kyan estar descansando, mas ele escuta? Não. Depois da aula eu fui até a boca ver como ele estava, eu evitei ir atrás dele, acompannhei ele segunda feira no postinho.

Depois disso, eu não fui ver-lo. Não porque eu não queria, e sim porque veio umas coisas na minha mente, eu andei pensando sobre isso tudo, eu não quero passar minha vida passando por perigo, quero viver minha vida tranquila, mas parece que tudo dificulta.

-vai entrar patroa?- o vapor que ajudou a levar o kyan diz.

Eu olho para ele sem entender, patroa do que? Entro na boca e vou em direção a sala dele, entro sem bater na porta, e me deparo com uma loira na frente dele.

-kyan...- os olhos dele me olham surpresos e eu me retiro e fecho a porta.

Que ódio!

Escuto o kyan falar algo antes que eu feche, mas não quis escutar. Então saio daquela boca, nem era para eu estar aqui.

Era isso que eu tentava entender, mas agora minha mente entendeu. Eu acabei criando uma expectativa no kyan, e ele não pode realizar por mim.

-Nathalia- a voz me chama de longe e eu não respondo.

Não era graça ou cu doce. É que as pessoas querem cobrar algo da gente que nem elas fazem.

Oque eu tô querendo dizer com isso tudo, é que eu percebi que me apeguei no kyan, no dia que ele levou um tiro, eu acabei percebendo, quando veio o medo dele morrer. E eu não quero passar por isso, viver na espera de alguém que está na guerra.

Meu celular toca e eu não atendo. Toca mais uma vez e eu ignoro.

" quero falar com tu neguinha"

O idiota do kyan me mandou, eu apenas ignoro e vou em direção ao meu carro, entro e dirijo até a saída do morro. Eu não mereço passar por isso!

-passagem bloqueada para patroa- um homem fala na entrada, ele estava com um fuzil nas costas e eu revirei os olhos de raiva.

Só escuto o barulho da moto se aproximando, e ali estava o kyan sem camiseta com um curativo no ombro, não era nem para ele estar se mexendo.

-Nathalia- ele fala meu nome como sempre na calmaria. Olho para seu rosto pela janela do carro, mesmo eu ainda sentada bem séria. - porque foi embora?

-fui ver como você estava- digo- mas outra já estava vendo. Você não precisa de mim- ele me olha sem entender.

-nunca mas você fala isso nathalia, parceira se eu pudesse ter você colada em mim o dia todo eu teria. Você sumiu, diminuiu as mensagens, eu não entendi oque aconteceu, achei que foi pelo choque da invasão, então dei seu tempo.

-eu preciso ir embora, kyan- digo ignorando toda sua fala- estou cansada e com cólica. Libera a minha saída porfavor- digo já com os olhos fechado encostado no banco.

-vamo troca ideia antes- nego- tu tá pensando coisa errada de mim. Não curto essas ideias, a mina tava lá na minha sala querendo alugar uma casa.

-eu não tô nem aí com quem você estava conversando. Estou com dor kyan, quero ir embora- digo séria.

Eu estava brava por isso também, na verdade uma coisa incentivou a outra. Na real, eu estava confusa.

-amanhã nós troca ideia então- kyan diz ainda apoiado na janela do meu carro- já sei como vai ser o incêndio. Preciso conversar com você sobre.

-você está machucado, melhor esquecer desse incêndio- digo sem paciência

- desistiu?- ele parece surpreso e magoado- tudo bem... tu que sabe- kyan sai da janela, ele acelera sua moto sem olhar para mim, ele me deixou ali sozinha pensando no que fazer.

Eu estava confusa, eu não quero o caos, mas parece que ele me perseguia.

DOISOnde histórias criam vida. Descubra agora