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Nathalia

O posto de saúde improvisado estava uma verdadeira confusão. Gritos de dor e o cheiro forte de desinfetante misturavam-se ao ar, enquanto feridos eram atendidos em macas. Meu coração disparou ao ver Kyan ao meu lado, pálido e com o sangue escorrendo pelo ombro. Ele estava quase desmaiando, e eu sabia que precisava agir rápido.

- Kyan, você precisa se manter acordado! - eu disse, apertando a mão dele enquanto tentava encontrar um enfermeiro. O olhar dele estava vago, e uma onda de medo me atingiu. Ele estava tão ferido.

Um enfermeiro apareceu, olhando rapidamente para nós, e imediatamente se aproximou

- Coloca ele na maca! -ordenou, com um tom de urgência.

Com a ajuda de Rodrigo, que era o vapor do kyan, colocamos ele em uma maca. Meu coração se apertou ao ver o sofrimento estampado em seu rosto. O enfermeiro começou a cortar a camisa dele, expondo a ferida.

- Nathalia... - Kyan murmurou, a voz fraca. - Não precisa... se preocupar... eu tô bem neguinha.

- Como eu não vou me preocupar? Você está sangrando -Eu estava tentando manter a calma, mas a angústia transparecia na minha voz.

O enfermeiro estava limpando o ferimento, e eu vi Kyan cerrar os dentes, forçando-se a suportar a dor. O sangue ainda escorria, e eu não conseguia evitar a sensação de que estava perdendo o controle da situação.

- Você vai precisar de pontos e um curativo. Isso pode doer, mas é necessário. - O enfermeiro explicou, olhando para Kyan.

Ele assentiu, mas eu vi a determinação em seu olhar se dissipar lentamente. Estava claro que ele estava lutando contra a dor e a exaustão.

Kyan tentou me dar um sorriso, mas foi rapidamente substituído por uma expressão de dor quando o enfermeiro começou a mexer no seu ferimento.

- Respira fundo. -Falei, acariciando sua mão.

Ele respirou, tentando se concentrar em mim em vez da dor. Eu poderia sentir a tensão em seu corpo, mas também via a força que ele tinha. Kyan nunca foi de se deixar vencer.

O enfermeiro terminou de fechar o ferimento, e Kyan soltou um suspiro de alívio, embora sua expressão ainda estivesse cheia de dor. Ele estava pálido, mas a luta nos seus olhos me deu esperança.

- Nathalia... - Ele disse, a voz agora mais baixa.- não era pra você estar aqui.

- Você é um idiota se acha que eu iria deixar você sozinho. - Respondi, meu coração apertado.

Kyan sorriu, mesmo que de forma cansada. A presença dele ainda era forte, e eu estava determinada a manter isso. Ele precisava de mim, e eu não ia deixa ele sozinho nessa.

- Agora, você tem que descansar. - Eu murmurei, passando os dedos pelo cabelo dele.

Kyan assentiu, finalmente cedendo ao cansaço. Eu olhando ele naquele estado, se passou várias coisas na minha mente.

Era isso mesmo que eu queria? Viver em uma guerra que não era minha? Eu só queria paz, ter uma vida tranquila igual antes quando meu pai era vivo.

Eu sinto a falta dele, sei que ele fez muita merda, e dói descobrir pelas outras pessoas, mas...é meu pai.

Olho o kyan de olhos fechados, sua tatuagem que carrega um grande significado estava lá, aquele bendito diamante. Eu estou confusa, eu quero ir embora, não dele, mas disso tudo.

Eu não sei oque sentir, preciso de um tempo ou uma resposta.

DOISOnde histórias criam vida. Descubra agora