Capítulo 14: Profecia

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          As luzes das lamparinas ondulavam, lançando sombras que dançavam como fantasmas nas paredes do quarto de Finn. O vento suave era quebrado pelas altas torres de Broken Hill, produzindo um sussurro triste que ecoava pelas paredes de pedra fria, como se a própria fortaleza lamentasse. Lá fora, a lua começava a subir no céu, sua luz pálida lançando uma claridade prateada sobre a floresta. O orvalho da noite brilhava, mas não como joias; ele cintilava como lágrimas, silenciosas e ignoradas, escorrendo pelas folhas até o chão.

          Finn estava sentado, seu olhar perdido no jogo de luz e sombra que tomava conta de seu quarto. Havia algo no ar, uma sensação de antecipação e tristeza que ele não conseguia explicar. Sua mente vagava pelas memórias, tentando-se lembra do rosto de sua mãe e do seu pai que a muito tempo havia esquecido.

          Foi então que ele ouviu os passos. O som ecoou pela sala, pesado e lento, como se cada passada carregasse o peso de incontáveis anos. Seus olhos, que um dia brilharam com vida, agora estavam opacos, marcados pelas cicatrizes das batalhas e pelas perdas que o tempo impôs. A presença que se aproximava trazia consigo um ar de resignação, como alguém prestes a dividir um fardo que por muito tempo suportou em silêncio.

          A voz baixa e rouca do mestre quebrou o silêncio, cortando o ar pesado do quarto.

— Finn! — chamou ele, com um tom carregado de uma gravidade incomum. — Há algo que você ainda precisa saber. Aquilo que Áina Vaare tentou esconder de você a todo custo...

          Finn levantou os olhos, sentindo o peso das palavras antes mesmo de entender o que estava por vir.

— ... e o motivo de você nunca ter podido sair de Fatae.

          As palavras reverberaram no ambiente, mergulhando o espaço num silêncio ainda mais denso. As palavras do Mestre pairaram no ar, carregadas de um peso que fez o coração de Finn afundar em seu peito. Por um momento, ele quase desejou que seu Mestre não continuasse, que deixasse o segredo enterrado junto com as dores do passado. Mas ele sabia que não tinha escolha. Era como se o destino estivesse conspirando para que ele ouvisse essa verdade.

          O Mestre se aproximou da janela, onde a lua derramava sua luz fria e pálida pelo chão de pedra. Ele fechou os olhos por um instante, como se estivesse reunindo forças para o que estava prestes a dizer. Finn sentiu um nó se formar em sua garganta. O silêncio no quarto era tão denso que parecia ter uma presença própria, como se estivesse observando, aguardando o desenrolar dos eventos.

— Áina... — disse o Mestre com uma pausa que se estendeu por um longo tempo. — Ela sabia que um grupo planejava atacar o Ducado de Erwindale e mata seus pais— disse o Mestre, sua voz quase um sussurro, como se falar mais alto pudesse trazer de volta os fantasmas do passado. — E ela não os alertou.

          Finn sentiu um choque percorrer seu corpo. Ele se levantou bruscamente, a cadeira tombando atrás de si. Seu olhar se fixou no Mestre, seus olhos agora confusos e incrédulo do que acabara de ouvir.

— O que... você está... dizendo? — Finn mal conseguiu formular as palavras. — Áina... sabia? Por quê?

          O Mestre se virou lentamente, encontrando o olhar de Finn. Seus olhos cor de mel estavam opacos, carregando um peso sombrio que revelava uma tristeza antiga e profunda.

— Há uma organização que, há anos, tenta desestabilizar os sete reinos. — O Mestre fechou os olhos por um breve momento, como se estivesse escutando o sussurro do vento ao redor.

— Ainda não entendo onde o senhor quer chegar! — Finn ajeitou-se na cadeira, sentindo o corpo tremer levemente. A inquietação em suas pernas ameaçava traí-lo a qualquer instante.

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora