Essência da Magia. (Part/2)

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          O mascarado que ele queimara com a Dança de Labaredas e aquele que fora engolido pelo Rugido do Dragão do Mar deveriam estar destruídos, seus corpos despedaçados pela fúria dos elementos. Contudo, algo estava terrivelmente fora do lugar. O Mestre deu alguns passos cautelosos, seus olhos examinando os arredores com crescente suspeita. O silêncio que envolvia a clareira não trazia a paz esperada após a batalha. Ao invés disso, era um silêncio perturbador, quase opressivo, como se o próprio ar ao redor estivesse distorcido.

"Eu deveria ter percebido antes..." — pensava ele, focando seu olhar nos corpos caídos. — "Isso é..." — uma sensação sombria percorreu sua mente, e então a compreensão lhe atingiu. — Necromancia... — sussurrou ele, seu corpo se enrijecendo à medida que sentia a presença distorcida que manipulava a mana ao redor.

          Para seu horror, o mascarado que havia sido consumido pelas chamas começou a se erguer, o corpo carbonizado se contorcendo de maneira grotesca. Aquele que fora engolido pelo Rugido do Dragão do Mar também se reerguia, os membros quebrados se reajustando em ângulos impossíveis. Ambos eram meras sombras do que já foram, seus corpos agora fantoches sem vida, manipulados por uma força sombria.

          Antes que pudesse reagir, um golpe brutal o atingiu no braço. Um porrete cravado de espinhos penetrou profundamente em sua carne. O Mestre virou-se rapidamente e viu, para seu espanto, o primeiro inimigo que havia abatido — ou o que restava dele — um corpo sem cabeça, agora empunhando a arma brutal.

— Uma magia proibida que brinca com os corpos dos mortos... necromancia — sibilou o Mestre entre os dentes, o braço latejando de dor. — Agora entendo... por isso não houve sangue quando arranquei sua cabeça.

          Ele apertou o punho ao redor da cimitarra, sentindo o fluxo sombrio da energia que envolvia os mortos ao seu redor. Os inimigos que ele acreditava ter derrotado estavam longe de serem meros cadáveres; eles eram uma ilusão perversa de vida, manipulados como marionetes por alguém nas sombras.

          O Mestre recuou instintivamente, o braço latejando de dor onde o porrete espinhento o atingira. Sangue escorria pelo ferimento, mas a profundidade da magia sombria ao redor tornava a dor quase secundária em meio à urgência da situação. Necromancia, uma magia que subvertia as leis da vida e da morte.

          O Mascarado carbonizado caminhava com uma lentidão macabra, as chamas ainda crepitando nas bordas de suas roupas enegrecidas. O outro, que fora engolido pelo dragão de água, movia-se como um autômato, rígido e desarticulado, mas avançando implacavelmente. O corpo sem cabeça, agora mais ameaçador do que nunca, erguia o porrete espinhento, ainda manchado com o sangue do Mestre.

          Com cada passo vacilante dessas criaturas, o Mestre se preparava para o próximo ataque. Ele sentiu a dor pulsante em seu braço ferido, o sangue escorrendo lentamente. Mas a dor física era o menor dos seus problemas. A presença sombria da necromancia permeava o ar, sufocando sua concentração.

          O Mestre, com a mente ainda nublada pela confusão, teve um vislumbre da verdade. Em meio à batalha, algo lhe chamou a atenção. O mascarado representado pela cruz, aquele que ele ferira gravemente, sangrava. Sangue vivo, escorrendo das feridas que ele havia infligido. Ele parou por um momento, analisando com rapidez.

"Esse não um cadáver reanimado, mas sim um ser vivo." — Pensou o Mestre analisando o combate que teve com ele. Um lampejo de clareza brilhou em seus pensamentos. — "A única que falou foi aquela com o símbolo da pena no manto."

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora