Capítulo 21: Espírito

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          Na primeira arena de Broken Hill, Finn preparava-se com determinação, aquecendo seus músculos através de uma sequência intensa de exercícios. Cada movimento era preciso, controlado, como se ele estivesse sintonizando o próprio corpo para o embate. Ao seu lado, Sylas o imitava atentamente, tentando replicar cada postura e alongamento. Ambos estavam conscientes da importância daquele momento: a prova que os aguardava na próxima semana seria um divisor de águas em suas trajetórias, e eles precisariam conhecer profundamente as habilidades e os limites um do outro para se superarem.

          A alguns metros de distância, Ferow sentava-se no chão, com os olhos fechados e a respiração profunda, mergulhado em concentração. Diferente dos companheiros, sua preparação envolvia não o físico, mas o mental; estava esvaziando a mente e buscando equilíbrio, ciente de que, para ele, a vitória em batalha começava na serenidade interior.

— Está pronto, Ferow? — perguntou Finn, lançando um olhar firme para o amigo, que permanecia sentado no chão.

          Ferow abriu os olhos lentamente, acenando a cabeça com um leve sorriso, como quem não precisava de mais palavras para demonstrar sua prontidão.

— E você, Sylas? — continuou Finn, virando-se para o companheiro.

— Sim! — respondeu Sylas, com um brilho decidido no olhar.

          Ele deslizou a mão para dentro de sua bolsa, de onde tirou uma peça aparentemente pequena e despretensiosa. Num movimento ágil, ele a estendeu, e, num instante, o objeto se transformou em um bastão de madeira resistente, firme como uma extensão do próprio braço de Sylas. Ele segurava o bastão com destreza, girando-o uma vez no ar para testar seu equilíbrio e sentir o peso. Finn observava cada detalhe, reconhecendo que aquela arma era muito mais que um simples pedaço de madeira nas mãos do amigo.

          Com um movimento ágil, Finn sacou sua adaga, e a lâmina cortou o ar num gesto preciso, brilhando sob a luz tênue do sol. Ele então apontou a arma para Sylas, colocando a outra mão nas costas com o punho fechado. Ajustou a distância entre os pés, firmando-se no solo com precisão, enquanto endireitava a coluna, assumindo uma postura que combinava disciplina e prontidão. Seus olhos focaram-se intensamente em Sylas, como se nada mais no mundo existisse além do oponente à sua frente.

          Finn começou a controlar a respiração, num ritmo que acalmava o corpo, mas mantinha a mente em alerta absoluto. A cada exalação, um leve fio de chama escapava por entre seus lábios, flutuando no ar antes de desaparecer. As chamas eram sutis, como se apenas antecipassem os próximos movimentos. A arena parecia tomar uma nova energia, enquanto os amigos se preparavam para o embate, ambos cientes de que, embora fosse apenas um treino, seria uma chance de provar — e aprimorar — suas habilidades ao máximo.

          Sylas girou o bastão com maestria, fazendo-o desviar o ar antes de apontá-lo para o chão, assumindo uma postura de combate sólida e concentrada. Seus olhos cor de mel começaram a brilhar com um sutil tom esverdeado, aguardando o momento certo para agir. Finn não perdeu tempo. Avançou com agilidade, impulsionando o chão com os pés para ganhar velocidade. Com a adaga em punho, aproximou-se de Sylas em um movimento rápido e preciso, obrigando-o a ajustar sua postura para uma defesa firme. No instante seguinte, a lâmina da adaga de Finn chocou-se com o bastão de madeira de Sylas, produzindo um som seco e ecoante que se espalhou pela arena.

"Que dureza!" — pensou Finn, sentindo a resistência inesperada do bastão enquanto forçava a lâmina, tentando cortá-lo. As fibras da madeira pareciam indestrutíveis. — "De que isso é feito?" — A pergunta ressoou em sua mente, e uma centelha de curiosidade mesclada à tensão do combate fez Finn apertar a empunhadura da adaga com ainda mais força, desafiando Sylas.

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora