Capítulo 2: Intriga.

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          Passando pelo portão oeste da cidade, uma estrada calçada com blocos de pedras levava à Academia Real do Reino de Flavo. Adentrando os portões do que, à primeira vista, parecia apenas uma fortaleza, percebia-se que era uma pequena cidade com complexos túneis subterrâneos que ligavam a academia a Fatae. Alojamentos e áreas de treino, como arenas, eram de longe as construções mais numerosas, projetadas para acomodar o exército do reino e seus funcionários.


          Ao descerem da carruagem no prédio central e subirem as escadarias, se direcionaram à sala do general do exército real.


— Querido, poderia levar Valist para conhecer os centros de treino dos soldados? Gostaria de ter uma conversa em particular com seu tio. — Assim disse Áina com uma voz doce.

— Claro, tia Áina. — Respondeu Finn monotonamente. Ao dar as costas à duquesa, revirou os olhos.


           Áina adentrou pela porta e viu uma mesa cheia de papeis, nas paredes estantes de livros e, no final da sala, um brasão de fogo estampado. Ao sentir sua presença, o homem que estava atrás da mesa passou a fixá-la com seus olhos amarelados. Esse homem alto e forte de cabelos negros e barba bem-feita, de face séria, era o general de Flavo e chefe de uma das nobres casas do reino, a casa Erwin. Ele trajava uma pesada armadura de placas carmesim com detalhes dourados.


— Temos que tratar um assunto... Angrod Erwin. — A voz aveludada que Áina costumava usar foi substituída por um tom áspero.

— Duquesa, há quanto tempo! — Angrod a cumprimentou acenando para que ela sentasse. — A que devo sua nobre presença na academia? — Disse com um leve sorriso de lado, impondo um tom levemente sarcástico.


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          Finn e Valist caminhavam silenciosamente pelos corredores da academia, de onde só se escutava o som das espadas e os instrutores gritando com seus recrutas. Valist caminhava atrás de Hiroshi, olhando-o ameaçadoramente.


— Você deve se sentir muito superior, não é, Finnegan? — Disse Valist com um tom de deboche.

— Por que eu deveria me sentir assim, Valist? — Finn olhava para Valist como se olhasse para uma parede, vazio, desprovido de qualquer alteração em sua face.

— Você não tem respeito! Como ousa chamar minha mãe pelo seu primeiro nome? — Valist o encarou com um olhar cheio de raiva. — E ainda por cima a chamou de tia! Você sabe quem ela é, não é? Queridinho do rei!

— Você está falando demais, não acha, Valist? Normalmente você nem me dirige a palavra. — Finn retrucou com uma expressão séria e em seus lábios um leve sorriso se formava.

— Estou de saco cheio de você, Gress! Você tira todos os olhares de mim! — Valist agora gritava. — Você sabe quem eu sou, sou o herdeiro da grande casa Vaare! Você é somente um Gress, demonstre respeito aos seus superiores. — As palavras proferidas saíam de sua boca como se cuspisse veneno.

— Estou sem paciência para você hoje, Valist. — Bufou. — Você se acha maior e melhor que todos? Você é muito arrogante.


          Valist, ao ouvir aquelas palavras, cerrou os dentes e levantou sua mão com a palma aberta direcionada para Finn. Contudo, parou ao ouvir uma voz vinda de trás dele.

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora