Convite (Part/2)

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          Era uma noite tranquila, a lua cheia pairava no céu como uma guardiã silenciosa, iluminando a pequena cama onde Sylas e sua mãe estavam deitados. A luz suave banhava o quarto, dançando com as sombras, enquanto as cortinas brancas balançavam gentilmente, embaladas pela brisa fresca que entrava pela janela entreaberta.

          Sylas, ainda uma criança, sentia o calor do corpo de sua mãe ao seu lado, uma sensação de segurança que preenchia seu pequeno mundo. Ele conseguia ouvir o ritmo calmo da respiração dela, um som que sempre o confortava, como se cada suspiro dissesse que tudo ficaria bem. Os dedos dela corriam lentamente por seus cabelos, em um gesto afetuoso que ele guardaria para sempre em sua memória, mesmo sem saber disso na época.

— Um dia, meu pequeno Sylas, você encontrará o seu lugar no mundo — ela disse, os olhos brilhando com a mesma luz suave da lua. Havia uma tristeza sutil em sua voz, que Sylas só entenderia anos depois, mas naquela noite, ele apenas sentiu o amor.

          A brisa trazia consigo o perfume das flores do jardim, misturado com o cheiro familiar das roupas da mãe, uma combinação que preenchia o coração de Sylas com uma sensação de paz. Ele queria que aquele momento durasse para sempre, envolto na segurança e no calor de sua presença.

          Naquele instante, Sylas não sabia o quanto sua vida mudaria. Tudo que importava era o conforto da noite e a sensação de que, por mais que o futuro fosse incerto, ele nunca estaria verdadeiramente sozinho enquanto tivesse aquela memória para guardar.


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          Enquanto caminhava distraído, imerso em suas novas experiências, uma voz firme e autoritária chamou seu nome.

— Você é Sylas Marloch, não é? — A presença era de um homem mais velho que todos os que estavam ali, alto e forte, vestindo uma camisa verde-oliva que destacava sua postura imponente. Suas calças e botas de couro negro pareciam ter sido moldadas para ele, e a fivela em seu cinto, esculpida em forma de um lobo com presas expostas, emanava um ar de ameaça.

          Sylas parou e virou-se, sentindo uma onda de curiosidade misturada com apreensão.

— Quem é você? — perguntou Sylas, tentando manter a voz firme.

— Otto — respondeu o homem com um sorriso que não alcançava os olhos. Ele olhou para Sylas de cima a baixo, avaliando-o com um semblante de desdém. — Escutei sobre você pelos corredores. Dizem por aí que você possui uma magia rara e que anda dizendo que pode derrotar qualquer um.

          As risadas do grupo que o acompanhava Otto ecoaram pela rua movimentada, uma onda de escárnio que fez Sylas se sentir pequeno.

— Eles são de Nigreos — sussurrou Aradia para os amigos, uma advertência velada que deixava claro que a situação poderia se complicar rapidamente.

          Sylas sentiu o sangue ferver em suas veias. Não estava disposto a se deixar intimidar, mas o olhar de Otto, uma mistura de provocação e arrogância, fazia seu coração acelerar. Ele trocou um olhar rápido com Ferow e Finn, que pareciam prontos para agir, antes de responder.

— Eu não ando falando nada disso! — respondeu Sylas, desviando o olhar, tentando esconder a vulnerabilidade em sua voz. — As pessoas começaram a falar por si só. Não tenho nada a ver com isso.

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora