Capítulo 16: Grande Mestre da Magia.

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          O castelo de Broken Hill diminuía de tamanho à medida que a carruagem do Grande Mestre da Magia seguia o grande rio Limia para o sul de Casim em direção a cidade de Valore de onde cruzaria o rio e entraria na Teocracia de Aurantiacus. Em sua carruagem com a cabeça apoiada em um de seus punhos, seus pensamentos viajavam para terras distantes, havia falado toda a verdade para Finn sobre sua história, mas ele sabia que as coisas não parariam ali pois sombras se moviam no Norte e ameaçavam engolir o continente e para isso o poder das estrelas tratadas nas lendas seria necessário. Sua mente vagava entre o presente e o passado para que pudesse ter um vislumbre do futuro.

          Quando a lua atingira seu pico, brilhante no céu, a carruagem do Grande Mestre e sua guarda parou para um descanso, os cavalos caminhavam a ritmo lento enquanto os homens bocejavam e caminhavam aos tropeços para tratarem os cavalos dando-os água e comida. Vendo aquela cena o Mestre alisou sua barba, seu olhar demostrando uma certa inquietação.

— Algum problema Grande Mestre? — um homem já velho vestido como um mordomo aproximou-se do Mestre e parecia que ele lutava para manter os olhos abertos.

— Nenhum senhor Johan. — O Mestre olhava seus cavaleiros, todos bem armados com lanças, espadas e escudos, vestindo uma armadura de placas que reluzia com o brilho da lua. — Parece que meus cavaleiros não estão em boas condições para continuar a viagem.

— Não diga isso Vossa Majestade. — disse Johan em meio a um bocejo. — Esses cavaleiros foram escolhidos a dedos pelo Duque Erwin, são os melhores dos melhores de Flavo.

— Peça para erguerem acampamento, não quero meus homens dormindo tendo as estrelas como seu teto. — O Mestre deu a volta e voltou para sua carruagem e lá ficou por um tempo.

          Logo os soldados ergueram acampamento e acenderem uma fogueira, pois a noite ficava cada vez mais fria a comida fora servida por Johan, um prato de cheio de legumes cozidos ao favor com um molho de mel agridoce e um peito de um faisão frito com ervas finas e manteiga. As conversas dos soldados pouco a pouco iam diminuindo de volume até se extinguirem completamente e o silencio trazido pelo vento frio ser a única coisa que o Mestre escutava. Em sua carruagem a comida que lhe foi servida estava intocada em uma mesinha em sua carruagem, algo lhe incomodava naquela situação, e quando lhe serviram a bebida a certeza bateu em sua porta; o cheiro ela exalava não tinha como ele não conhecer.

— "Poção do sono! Sem sombra de dúvidas" — Pensou enquanto sentia o cheiro — "Essas bebidas foram dadas a mim em Broken Hill, isso significa que o inimigo já está infiltrado aqui."

          O Mestre deu um sorriso e desceu da carruagem e encontrou toda sua comitiva dormindo profundamente, um sono magico sem sonhos causados pelo uso da poção que envenenava suas bebidas, um ato premeditado presumiu o Mestre. Um vento frio soprou entre as folhas das árvores de um bosque ali ao lado, trazendo consigo o cheiro que o Mestre conhecia muito bem.

— Sangue! — o Mestre vestiu sua capa cinzenta, olhou novamente seus homens e confirmou que apenas estavam adormecidos e caminhou até a orla do bosque. — Muito bem, vamos ver o que prepararam para mim!

          Ao chegar à orla, lembrou-se de sua juventude e das façanhas no campo de batalha que lhe renderam o título de Grande Mestre da Magia. Seus olhos vagaram, observando tudo ao redor. Então, ajoelhou-se e, em meio às folhas secas, pegou um galho de árvore antes de adentrar o bosque.

          Enquanto caminhava entre as folhas caídas, apenas o som de seus passos ecoava no silêncio do lugar. Não havia o canto de pássaros, o zumbido de insetos, nem o movimento das criaturas noturnas. Tudo estava quieto. O ar ao redor do Mestre parecia se condensar, formando uma névoa densa, carregada de desespero. O vento frio balançava a copa das árvores, e o som das criaturas noturnas não se ouvia e nem se fazia presentes. O Mestre adentrou cada vez mais fundo no bosque, seus passos sobre as folhas e galhos secos eram as únicas coisas que faziam barulho.

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora