Mensagens Entregues. (Part/2)

3 1 0
                                    

༺═──────────────═༻


          A lua brilhava alta no céu, lançando seu manto prateado sobre as ruas da cidade de Fenno. Morphas, tendo abandonado a mansão Marloch dias atrás, finalmente chegara à capital do reino de Rubrum, trazendo consigo o peso de seus pensamentos e segredos. Um forte vento frio soprou do Norte, como se os próprios céus estivessem tentando afastar os moradores, que se retiravam apressadamente para suas casas, deixando as ruas esvaziadas e a cidade envolta em um silêncio inquietante.

          As tavernas, no entanto, pulsavam com vida, repletas de figuras envoltas em capuzes e mantos, que buscavam abrigo do frio cortante. Os aromas de bebidas quentes e pratos fumegantes se misturavam ao som de risadas e conversas animadas, criando um contraste vibrante com a solidão do lado de fora. Aqueles que se aventuravam a permanecer ao ar livre eram atraídos pela promessa de calor e companhia, reunindo-se em grupos para compartilhar histórias e planos sob a luz suave das lamparinas.

          A carruagem de Morphas, imponente e decorada com uma bandeira vermelho-sangue, serpenteava pela rua principal com elegância. As rodas rangiam contra a pedra, ecoando suavemente na noite tranquila. Morphas mantinha sua mente focada no objetivo que o trazia àquela cidade. A carruagem seguiu em direção ao prédio de pedra cinza que se erguia no centro da cidade, um edifício austero que servia como sede dos juízes da corte de Rubrum.

          Descendo da carruagem, Morphas foi guiado por seu assistente, um jovem de pouco mais de vinte anos, alto e magro, com cabelos escuros que caíam em ondas desordenadas até os ombros. O assistente, sempre atento, conduziu Morphas através da entrada imponente do prédio, onde a atmosfera sempre parecia carregada de tensão. Ao atravessar os corredores, iluminados apenas pela luz trêmula das velas, sombras dançavam nas paredes de pedra, criando um jogo de luz e escuridão que parecia refletir os próprios pensamentos de Morphas.

          Um silêncio quase opressivo permeava o ar, como se os próprios corredores estivessem guardando segredos e tramando alguma coisa. Cada passo ressoava levemente, ecoando na vastidão do edifício. As paredes, adornadas com tapeçarias que retratavam cenas históricas da justiça em Rubrum, pareciam observar os visitantes com um olhar crítico, como se questionassem sua presença ali.

          Finalmente, Morphas chegou diante de uma grande porta, que se destacava no final do corredor, marcada por um entalhe esculpido em madeira escura e polida. Acima da entrada, podia-se ler, em letras douradas e imponentes: "Sala do Supremo Juiz." O título parecia ressoar no silêncio, evocando um senso de reverência e autoridade.

— Chegamos, Mestre Morphas — anunciou Vahn, o assistente do velho vampiro, a voz carregada de uma cordialidade.

— Abra a porta, Vahn — respondeu Morphas, sua voz rouca e rasgada ecoando com um tom autoritário que não deixava espaço para contestação.

          Vahn obedeceu prontamente, puxando a pesada porta de madeira, que rangia suavemente ao se abrir. Com um gesto sutil, ele anunciou:

— Morphas Marloch, trigésimo quarto Supremo Juiz da corte de Rubrum, está entrando.

          Dentro da sala, Drargmar estava sentado atrás de uma mesa monumental, sua atenção fixada em um pergaminho. A pena deslizou pelo papel com uma agilidade enquanto ele continuava a escrever como se não houvesse ninguém mais por perto.

          Morphas, guiado pela familiaridade do ambiente, avançou lentamente com sua bengala, seu toque delicado traçando um caminho invisível em busca de referências ao seu redor. Ao parar em frente à mesa, uma sensação de expectativa tomou conta do ar.

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora