Capítulo 22: Começo

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          A comissão do Grande Mestre da Magia avançava pela rua principal da cidade-fortaleza de Kapten, uma via larga e imponente que conduzia diretamente à grandiosa pirâmide de ferro e pedra que dominava o centro da cidade. A rua estava ornada com faixas laranja vibrantes que tremulavam ao ritmo do vento, acrescentando um ar de celebração e solenidade ao evento. Soldados de elite, impecavelmente armados e vestidos com armaduras polidas que refletiam o brilho do sol, formavam filas rigorosas em ambos os lados da rua. Suas espadas estavam erguidas, as lâminas reluzentes apontadas para o céu, para receberem com todas as honrarias possível. A disposição das tropas e o rigor de suas expressões demonstravam respeito absoluto pelo ilustre convidado, alguém de posição e poder.

          A multidão, composta por moradores e visitantes de vilarejos vizinhos, lotava as ruas próximas, apertando-se contra as barreiras para conseguir ao menos um vislumbre do Grande Mestre e sua comitiva. Rostos ansiosos se acotovelavam, alguns subindo em caixas, muros e sacadas para ter uma visão melhor do desfile. O burburinho de vozes excitadas misturava-se ao som rítmico das armaduras e dos passos firmes dos soldados, criando uma atmosfera de admiração. Ao longe, a pirâmide de ferro e pedra aguardava, seu topo cortando o céu como um símbolo de poder indomável. A cada metro que a comitiva se aproximava, o ar parecia ficar mais pesado, carregado de expectativas e da promessa de algo grandioso que estava para acontecer.

          Quando a carruagem parou em frente à entrada imponente da grande pirâmide, uma fileira de sacerdotes trajados em túnicas brancas puras aguardava pacientemente. Eles seguravam incensários fumegantes que exalavam um perfume denso, ramos de plantas aromáticas que pendiam de suas mãos e pequenos sinos que tilintavam em uma cadência suave. Alguns dos sacerdotes entoavam cânticos antigos, suas vozes graves e compassadas enchendo o ambiente com uma sensação melancólica, evocando memórias de eras distantes e histórias perdidas no tempo.

          O sacerdote-chefe, um homem alto e robusto de pele marcada pelo sol e cabelos castanhos escuros, destacava-se entre os outros pela postura austera e pelos adereços prateados que adornavam sua túnica. Com passos firmes e solenes, ele se aproximou do Grande Mestre da Magia, carregando em suas mãos uma pequena tigela de cerâmica finamente decorada, que continha um óleo aromático especial, reservado para ocasiões de extrema importância. Ele colocou os dedos indicador e médio no óleo e, com uma reverência sutil, tocou o centro da testa do Grande Mestre, deixando uma pequena marca cintilante. O gesto era um símbolo de clareza e sabedoria, uma bênção para o intelecto e a visão interior. Em seguida, ele mergulhou os dedos novamente no óleo e tocou o centro do peito do Mestre, logo sobre o coração, ponto onde a alma se conectava ao físico. Após um terceiro mergulho, o sacerdote fez o último toque no umbigo do Grande Mestre, simbolizando corpo físico, o centro vital de poder.

          Ao redor, os cânticos dos sacerdotes aumentaram em intensidade, e o aroma dos incensários misturava-se ao perfume do óleo. A cerimônia de purificação estava completa. O Grande Mestre ergueu o olhar em direção ao topo da pirâmide, sabendo que a entrada naquele sagrado monumento marcava o início de algo grandioso e talvez irreversível.

— Bem-vindo, Regente do Reino de Flavo, Grande Mestre da Magia e Senhor dos Cinco Elementos — disse o sacerdote-chefe, com uma leve reverência que carregava o peso da tradição e da deferência. Mesmo enquanto se curvava, seu olhar não desviava do Grande Mestre, como se quisesse medir sua essência ou talvez transmitir o respeito que aquele título merecia. — Vossa Santidade, o Sumo Sacerdote o aguarda. Por favor, siga-me.

          Com um movimento elegante, o sacerdote-chefe girou sobre os calcanhares e começou a caminhar em direção à entrada da pirâmide, indicando o caminho com um gesto sutil. As enormes portas da pirâmide, esculpidas em ferro e pedra com símbolos antigos que brilhavam fracamente à luz do dia, começaram a se abrir lentamente. O ruído profundo das engrenagens revelava o peso das eras, enquanto uma brisa fria escapava da escuridão além do limiar, como um sussurro vindo do passado.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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