Capítulo 12: Sob o Brilho da Lua. (Part/1)

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          A noite desceu de forma abrupta sobre Broken Hill, como se o sol tivesse sido arrancado do céu sem aviso, após um dia que se arrastou. Nos corredores do castelo, o vazio era absoluto; nenhum sussurro, nenhum passo ecoava pelas paredes de pedra antiga. Apenas as lamparinas, com suas luzes vacilantes, lançavam sombras contra as paredes, parecendo querer desafiar a escuridão que insistia em invadir cada canto do castelo.

          Do lado de fora, a floresta que abraçava o entorno do castelo mantinha um silêncio inquietante, como se os próprios animais tivessem sido silenciados. O vento soprava forte, fazendo as copas das árvores se curvarem e gemerem, enquanto o som do rio ao longe quebrava o manto de silêncio, trazendo consigo um eco distante. Em toda a extensão de Broken Hill, essa era a única melodia: o balançar das folhas e o murmúrio da natureza, criando uma atmosfera de inquietação que se infiltrava por entre as pedras.

          Nas profundezas do grande lago Fityz, oculto sob suas águas cristalinas e imperturbáveis, um segredo se escondia. Ali, bem abaixo da superfície serena, metros de terra e rocha comprimiam um antigo corredor, envolto em escuridão. As paredes de pedra estavam gastas pelo tempo. Do teto, gotas d'água caíam incessantemente, formando poças traiçoeiras que tornavam o chão escorregadio, como se o próprio corredor tentasse repelir aqueles que ousassem caminhar por ele.

          A luz fraca de algumas velas, cuidadosamente colocadas ao longo do caminho, era um consolo frágil. Seus reflexos vacilantes não conseguiam penetrar na escuridão que parecia absorver tudo ao redor, criando um jogo inquietante de sombras. Cada movimento das chamas lançava formas distorcidas contra as paredes, que se estendiam como braços de criaturas à espreita. O corredor, úmido e frio, exalava uma sensação opressiva, como se a própria pedra carregasse memórias de tempos imemoriais, guardando mistérios que não deveriam ser perturbados.

          Uma figura encapuzada movia-se com calma, seus passos suaves ecoando pelo corredor de pedra como batidas lentas e ritmadas. Cada passo parecia reverberar pelas paredes úmidas, fazendo o som viajar ao longo da passagem como um aviso sussurrado. O manto branco que ela usava flutuava levemente a cada movimento, absorvendo a pouca luz ao redor. Seu rosto estava oculto por uma máscara branca, lisa e impecável, apenas com duas aberturas estreitas, revelando olhos sombrios e impassíveis que observavam atentamente o caminho à frente. Nas costas, uma cruz dourada brilhava no manto como um símbolo antigo e enigmático, suas linhas rígidas contrastando com o ambiente decadente e caótico.

          Após um tempo que parecia se estender indefinidamente, a figura chegou a um vasto salão, cuja atmosfera carregava uma aura de mistério e propósito. As paredes de pedra marrom eram intrincadamente esculpidas com espirais que pareciam girar em direção ao infinito, como se tentassem prender o olhar e a mente de quem ousasse contemplá-las por muito tempo. O salão, envolto em penumbra e silêncio, abrigava agora nove figuras, todas encapuzadas e vestidas com mantos longos e máscaras idênticas à do recém-chegado.

          Havia uma sensação pesada no ar, como se o próprio ambiente estivesse impregnado de poderosas intenções. Os olhos escondidos atrás das máscaras pareciam brilhar com o mesmo propósito silencioso, enquanto as espirais nas paredes pareciam se mover sutilmente.

— Ele está aqui! — anunciou uma das figuras, com uma voz sombria e distorcida pela máscara que escondia sua verdadeira face. O manto que vestia ostentava uma caveira bordada em ouro nas costas, um símbolo de morte e presságio. Seu tom, embora alterado, carregava uma nota de certeza.

— Você tem certeza? Ele finalmente apareceu? — perguntou outra figura, sua voz carregada de uma emoção contida, quase impaciente. Nas costas de seu manto, o símbolo de uma coroa dourada brilhava sob a luz fraca do salão. — Finalmente vamos começar a mudar este mundo? — completou, com um toque de expectativa que fez o ar no salão parecer mais pesado, como se todos estivessem prendendo a respiração, aguardando confirmação.

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora