Capítulo 11: Mensagens Entregues. (Part/1)

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          No alto da imponente torre da cidade vertical de Sonora, o voo silencioso das corujas era constante, suas asas cortando o ar enquanto chegavam de todos os cantos do vasto Império Lilac, carregando mensagens de grande importância. A torre, construída em pedra cinza antiga, era um ponto central de comunicação, onde as mensagens do império eram cuidadosamente recebidas e catalogadas. O responsável por essa tarefa, um velho senhor de mãos enrugadas e olhar cansado, dedicava-se diligentemente a checar cada coruja que chegava, examinando minuciosamente as mensagens que elas traziam.

          Entre os muitos pergaminhos e selos familiares, seus olhos experientes notaram algo diferente: uma mensagem vinda das terras neutras do Estado Acadêmico de Broken Hill. O selo que adornava a carta imediatamente capturou sua atenção — duas varinhas cruzadas, envolvidas por uma intricada roseira. Ele reconheceu o brasão na hora; era o selo da ilustre casa Del. Gardner, um símbolo associado à realeza. E mais do que isso, ele sabia que essa carta vinha diretamente da sétima princesa do império. O coração do velho bateu um pouco mais rápido com a compreensão da importância daquele documento.

          Sem perder tempo, ele tratou de levar a mensagem com a máxima urgência. O peso da responsabilidade caía sobre seus ombros enquanto caminhava pelos corredores silenciosos da torre. Ao alcançar a porta da governanta das terras de Sonora, ele respirou fundo antes de entrar.

— Grã-duquesa, bom dia! — disse o velho homem em um tom respeitoso, fazendo uma leve reverência enquanto entregava a carta cuidadosamente nas mãos da mulher à sua frente.

          Regina, a grã-duquesa de Sonora, recebeu o pergaminho com uma expressão calma, mas seus olhos refletiam a curiosidade contida ao ver o selo da casa Del. Gardner. Sem hesitar, ela quebrou o lacre e deslizou os dedos pela borda do papel, desenrolando a mensagem. Seus olhos, astutos e experientes, passaram lentamente pela escrita meticulosa da sétima princesa. Cada palavra parecia carregada de importância, e Regina absorvia cada detalhe com uma concentração impenetrável, como se estivesse lendo algo muito além das linhas visíveis. Após um breve silêncio, a grã-duquesa ergueu o olhar e perguntou com uma voz serena, porém firme

— Quanto tempo levaria para uma carta de Broken Hill chegar até ConHia?

          O velho homem alisou a barba branca com dedos calejados, pensativo, enquanto calculava a resposta.

— Bem — começou ele, seu tom refletindo o conhecimento acumulado em anos de serviço —, se for enviada por uma coruja treinada de alta qualidade, talvez duas semanas, no máximo. Esta carta, no entanto, foi enviada há apenas cinco dias.

          Regina assentiu levemente, o raciocínio fluindo em sua mente. Cinco dias significava que o conteúdo da mensagem ainda era relativamente recente. Cada decisão contava, e o tempo era precioso.

— Obrigada! — disse ela, com um leve aceno de cabeça, os olhos voltando a fixar-se na carta por um instante antes de fechá-la cuidadosamente, já ponderando seus próximos passos.

          O velho homem fez uma reverência profunda, respeitando o silêncio da grã-duquesa, e retirou-se da sala com passos suaves, fechando a porta atrás de si sem fazer barulho. Assim que ficou sozinha, Regina manteve o olhar fixo na carta por alguns segundos, ponderando silenciosamente sobre as palavras da sétima princesa. Com uma leve inspiração, ela se dirigiu ao canto de sua ampla sala. Lá, em uma moldura ornamentada de prata, pendia um espelho que parecia comum à primeira vista. No entanto, quando Regina parou diante dele, sua própria imagem não foi refletida. Em vez disso, o espelho revelava a forma de um homem de cabelos negros, sua silhueta imponente envolta em vestes de um roxo profundo. Seu rosto, parcialmente obscurecido pelas sombras das vestes.

O Segredo dos Sete Reinos:   Prelúdios de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora