O despertar do amor

Encontro inesperado

20h00 pm        

Estou assistindo um filme de conforto enrolada em uma coberta enquanto ouço o barulho da chuva.Estava quase dormindo quando ouvi alguém bater na porta.
 
—Pode entrar,gritei pensando que seria Erick ou Milena.

A porta se abriu e um gelo percorreu por minha espinha,era Lucca (meu ex).

Lucca entrou, e o silêncio no quarto parecia sufocante. Ele estava diferente, com um olhar mais sério do que o habitual.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando não deixar meu desconforto transparecer.

Ele deu um passo à frente, o som de seus passos ecoando no ambiente silencioso, enquanto a chuva continuava a bater na janela.

— Eu sei que não devia aparecer assim, mas... — ele hesitou, como se buscasse as palavras certas. — Precisamos conversar, Ayla.

Eu queria mandá-lo embora, mas algo em seu tom me fez congelar. Havia uma urgência em sua voz que eu não podia ignorar. Fechei meus olhos por um segundo, sentindo o peso da situação.

— Conversar sobre o quê? — respondi, tentando soar indiferente, embora meu coração estivesse acelerado.

Ele deu outro passo à frente, mas parou ao perceber meu desconforto.

— Sobre nós... sobre o que ficou pendente. Eu... — Ele suspirou, seus olhos procurando os meus. — Eu cometi erros, eu sei. Mas eu não podia continuar sem falar com você, sem tentar... consertar as coisas.

Minhas mãos apertaram a coberta em volta de mim, e a confusão e a raiva que eu vinha suprimindo começaram a emergir.

—Conversar?Depois de cinco anos?

— Cinco anos, Lucca. — Minha voz saiu mais amarga do que eu pretendia. — Cinco anos e você só aparece agora, querendo conversar?

Ele baixou a cabeça por um momento, como se absorvesse a verdade do que eu disse. Quando voltou a me olhar, havia arrependimento nos olhos dele.

— Eu sei que parece absurdo. — Ele engoliu em seco, os músculos de sua mandíbula se contraindo. — Mas eu não consegui... Eu precisava me afastar para entender tudo, para entender o que realmente aconteceu entre nós.

Eu ri, mas não havia humor nisso. Era uma risada fria, cheia de incredulidade.

— E você acha que eu também não precisei de respostas? Eu fiquei aqui, Lucca, lidando com os pedaços do que você quebrou. Sozinha.

A tensão entre nós era palpável. A chuva lá fora parecia aumentar, acompanhando a intensidade da conversa. Lucca se aproximou mais um passo, agora bem perto de mim.

— Me deixa explicar, Ayla. Eu não vou embora dessa vez sem que você me ouça. — Ele parecia implorar, mas eu não estava disposta a ceder tão facilmente.

Minhas mãos ainda agarravam a coberta, como se fosse meu escudo. A última vez que Lucca e eu nos falamos foi dolorosa, e tudo que eu queria era proteger o pouco de paz que eu havia encontrado desde então.

— Eu não sei se quero ouvir, Lucca. — A confusão me dominava, misturando memórias boas e ruins. — Eu não sou mais aquela garota de cinco anos atrás.