Verdades silenciadas

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       Havia feito uma live até as 3h00 da manhã,tudo o que eu queria era fechar meus olhos e descansar por mais que agora seja 4h00 da tarde,mas infelizmente ou felizmente Erick estava aqui e com ele não existe descanso.

Ele entrou no quarto com aquela presença que sempre enche o ambiente, dispensando formalidades e já falando com sua voz calma, mas firme: “Ei, dorminhoca, ainda na cama? Sei que você precisa descansar, mas ficar o dia inteiro aqui não vai ajudar tanto quanto você acha.”

Suspirei, sem esconder o cansaço, e joguei o travesseiro na direção dele, que o pegou antes de rir, com um brilho suave no olhar. "Sabe, poderia fingir que se importa um pouco mais com o meu cansaço", murmurei, me sentando devagar. Ele se aproximou e sentou ao meu lado, ainda segurando o travesseiro, mas agora com um olhar de preocupação discreta.

—O que você quer que eu faça?Ele pergunta já sabendo a minha resposta.

—Só.. me deixa dormir,por favor. Resmunguei.

—Só porque você pediu com jeito ele diz se deitando ao meu lado.

Suspirei, sabendo que o sono não viria tão fácil. Por algum motivo, a presença de Erick ao meu lado era ao mesmo tempo familiar e estranha. Lembrei de quando éramos adolescentes e eu me deitava sobre ele sempre que assistíamos a algum filme juntos. Ele passava os dedos pelo meu cabelo até que eu adormecesse, como se aquele gesto fosse capaz de apagar todas as preocupações do mundo. Mas agora… agora era diferente. Construí tantas barreiras entre nós que qualquer gesto inocente parecia complicado, como se algo tão simples pudesse derrubar tudo que ergui.

Tentei fechar os olhos, mas era como se a memória daquele tempo não me deixasse. O quarto estava em um silêncio carregado de coisas não ditas. Eu sabia que Erick também sentia o peso desse silêncio, mas não falávamos sobre isso. Por um momento, considerei simplesmente deixar o orgulho de lado e deitar minha cabeça sobre o peito dele, mas hesitei.

— Tá tudo bem? — ele perguntou, notando minha inquietação.

Abri os olhos e me virei para ele, surpresa pela forma como ele ainda me conhecia tão bem. — Eu só… estava lembrando dos velhos tempos — murmurei, tentando escolher as palavras com cuidado.

Ele sorriu, e, por um instante, o olhar dele era o mesmo daquela época, cheio de compreensão e sem a menor pressão. — Sabe que eu ainda estou aqui, né? Aquelas coisas que a gente fazia… não precisam ficar no passado só porque a gente mudou um pouco.

Aquelas palavras romperam um pouco das barreiras que eu mesma tinha construído,por mais que tudo esteja uma bagunça entre nós ainda é reconfortante estar perto dele. Respirei fundo, sentindo meu coração bater mais rápido, e antes que pudesse pensar demais, me deixei aproximar dele, apoiando a cabeça em seu peito. Ele não hesitou; o braço dele me envolveu de um jeito protetor, e os dedos começaram a fazer aquele movimento suave no meu cabelo, exatamente como antes.

O silêncio agora parecia reconfortante. A cada toque dos dedos dele, as barreiras que eu havia criado foram se desfazendo, pouco a pouco. Senti o peso do cansaço finalmente me atingir, mas dessa vez, era um sono leve, como se, ao seu lado, eu pudesse descansar sem as preocupações que me assombravam.

Enquanto eu começava a me perder naquela sensação de paz, Erick quebrou o silêncio, a voz baixa, quase como se estivesse falando consigo mesmo.

O despertar do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora