Ver Erick com aquela mulher me deixou furiosa. Eu tenho engolido esses ciúmes há um tempo, mas cada dia que passa sinto como se fosse uma panela de pressão prestes a explodir.
Minha vontade era gritar várias coisas, colocar tudo para fora de uma vez, mas eu não podia, eu não posso "explodir" em cima do Erick. Eu o conheço bem o suficiente para saber que ele não merece isso, mas quando estou com raiva, falo coisas demais. As palavras simplesmente saem sem filtro, sem pensar no impacto que podem ter, e a última coisa que quero é machucá-lo.
Eu fico repetindo para mim mesma que não posso deixar esse ciúme me dominar, que preciso confiar nele, mas é difícil controlar quando o medo de perdê-lo me sufoca. Então, tento disfarçar, respiro fundo, engulo em seco, seguro o que sinto, mas tudo vai se acumulando. E quanto mais eu guardo, mais parece que estou no limite.
Às vezes sinto que estou perdendo o controle, como se estivesse prestes a dizer algo que não tem volta. Mas sei que não posso deixá-lo ver esse lado meu, não posso deixar que ele sinta que a culpa é dele. Ele sempre foi honesto, e isso só me faz sentir mais culpada por estar tão desconfiada.
Eu queria encontrar as palavras certas para explicar o que estou sentindo, sem transformar isso numa briga, sem deixar que minhas inseguranças machuquem alguém que amo tanto. Mas como posso fazer isso se nem eu mesma consigo entender de onde vem tanto medo?
—No que está pensando? — ouço Erick perguntar enquanto outra mulher se aproxima.
É sempre a mesma coisa,elas chegam com um oi,me ignoram,derrepente começam com um sorriso, se aproximam como quem não quer nada, mas logo os gestos começam a se tornar mais íntimos. Elas riem, jogam o cabelo para o lado, tocam seu braço, seu ombro, e de repente estão acariciando ele. É como se houvesse um roteiro que todas seguiam, e o pior de tudo é que Erick nunca parece perceber o impacto que isso tem em mim. Ele sorri de volta, atencioso, educado, como sempre foi com todo mundo. Mas, para mim, aquilo é insuportável.
Eu tento manter um rosto calmo, finjo que estou tranquila, mas sinto meu coração acelerar, o nó na garganta ficando mais apertado. Minha mente é invadida por pensamentos e perguntas que eu mesma não quero enfrentar: Será que ele percebe? Será que sente algo por elas? Será que sou apenas mais uma entre tantas?
—Ei, está tudo bem? — ele pergunta de novo, com aquele olhar preocupado. Eu sei que ele se importa, e é por isso que nunca deixo transparecer o que sinto de verdade. Forço um sorriso e faço o que sempre faço: minto.
—Sim, claro. — Minha voz soa falsa até para mim mesma, e isso só me deixa mais frustrada. Eu quero gritar para ele sair de perto delas, dizer que me incomoda, que me dói, mas fico calada.
A verdade é que eu tenho medo. Medo de que, se eu expressar o que sinto, ele me ache exagerada ou ciumenta demais. Medo de que ele se afaste, de que essa barreira invisível entre nós se torne intransponível. Então, eu me calo, engulo o ciúme e me afogo na insegurança, observando, mais uma vez, enquanto outra mulher se aproxima rindo.
Enquanto Erick está imerso na conversa, tento me afastar. Preciso de um momento para respirar, para não deixar escapar palavras que possam machucar. Dou um passo para frente, pronta para sair dali, mas antes que eu possa me mover completamente, sinto a mão de Erick segurando a minha com firmeza. Fico surpresa, sem entender como ele percebeu que eu estava tentando ir embora, ainda mais sem tirar os olhos daquela mulher.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O despertar do amor
Roman d'amourDesde a infância, Ayla e Erick mantiveram uma amizade marcada por travessuras e implicâncias. Quando tinham 18 anos, um vínculo especial surgiu entre eles, mas, ocupados com questões pessoais, nunca perceberam a profundidade dos sentimentos que comp...