De migalhas a realidade

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Lucca estava certo, era Erick quem me mandava as flores, mas ele se enganou ao dizer que um dia eu iria enjoar dele e outras coisas que saíam de sua boca enquanto ainda estávamos juntos.

Não consigo entender como acreditei nele por tanto tempo. Erick, sem querer, me fez perceber o quanto me deixei levar pelo que Lucca dizia, e me fez ver também como estava vivendo no automático, sem realmente perceber que os meus sonhos e desejos estavam sendo deixados para trás. Foi aí que decidi bloquear Lucca, para que ele não pudesse mais me manipular, não pudesse mais me prender em uma mentira que ele mesmo criou.

É estranho, porque com Lucca tudo o que parecia verdadeiro, no fundo, era falso. Ele estava comigo só para se gabar das minhas conquistas, das boas notas, e da minha virgindade. O que tivemos nunca foi real. Eu nunca consegui me sentir confortável ao seu lado, porque ele sempre fazia questão de me humilhar. Às vezes, falava de outras mulheres na minha frente, sabendo o quanto isso me machucava, como uma forma de me fazer sentir inferior e insegura.

Com o tempo, o ciúmes tomou conta de mim. O controle, a desconfiança... Foi aí que percebi que não podia mais viver assim, com alguém que não me dava confiança, que me fazia duvidar de tudo, até de quem eu era.

Lucca destruiu muitas coisas em mim. Fez com que eu perdesse minha essência, tudo o que eu gostava, a confiança que tinha nas pessoas. Mas agora, tomei a decisão de não acreditar mais nas mentiras que ele me contou. Aos poucos, estou voltando a ser quem eu era antes. A pessoa que sonhava com o futuro, que acreditava na bondade dos outros, a pessoa que amava as estrelas e os pores-do-sol. Essa sou eu, a pessoa que vou me redescobrir.

Há muitas coisas sobre Lucca que só eu sei, como o fato dele usar drogas, ter ficado com a mulher do irmão dele depois que terminamos, desviar o dinheiro da sua formatura e gastar com zona, tudo enquanto mentia para a mãe dele, dizendo que havia "perdido" o dinheiro,e nem assim eu o ridicularizei,eu prefiro ter paz e por mais que tentem me diminuir jamais farei isso,não gosto de brigas porém quem se machuca sou eu por guardar as coisas em vez de dizer o que deveria.Esse é o preço que se paga por ser boba demais.

Ele definitivamente não era uma pessoa boa, mas minha falta de autoconfiança e dependência emocional me fazia acreditar que não conseguiria encontrar outra pessoa, então, eu mesma me prendia a ele, aceitando as migalhas que me dava. Sim, tivemos alguns momentos bons, mas esses foram tão insignificantes diante de tudo o que aconteceu de negativo.

Eu deixei que ele me manipulasse por tanto tempo, acreditando que sua falta de caráter era apenas um reflexo de um relacionamento que, na minha cabeça, deveria ser suportado. Porque ele dizia que me amava, mas esse "amor" era só uma fachada. Ele nunca me respeitou, nunca me viu de verdade. A cada mentira, a cada humilhação, eu me perdia um pouco mais de mim mesma, acreditando que o que estávamos vivendo era o melhor que eu poderia ter.

É estranho pensar que, mesmo quando tudo com Erick parecia ser apenas uma encenação, havia algo ali que soava verdadeiro. Ele sempre esteve presente, sempre foi quem me acompanhou nos momentos difíceis e nas pequenas vitórias. Ele foi quem me ensinou muitas coisas, não apenas sobre o mundo, mas sobre mim mesma. Com Erick, eu nunca precisei fingir ser alguém que não era, ele sempre me viu como eu sou, com minhas falhas e minhas inseguranças, e mesmo assim, continuou ao meu lado.

Enquanto com Lucca tudo era marcado pela manipulação e pela dúvida, com Erick a confiança sempre foi diferente. Ele nunca me fez duvidar de mim mesma, nunca me fez sentir que eu não merecia ser amada. Ao contrário, ele me mostrou que eu podia ser melhor, que eu merecia mais do que migalhas e mentiras. E, ao seu lado, eu senti que minha essência não se perdia, como aconteceu com Lucca. Com ele, eu não tinha medo de ser quem eu realmente sou.

Talvez seja por isso que as coisas com Erick tenham sempre tido uma ponta de realidade, mesmo quando tentávamos esconder o que realmente sentíamos. Ele foi minha base, minha constante, alguém que me apoiou sem exigir nada em troca, que me fez acreditar que eu poderia ser feliz, mesmo em meio ao caos. Não era perfeito, claro, mas foi real de uma forma que eu nunca imaginei ser possível.

Agora, ao olhar para trás, vejo que Erick foi, talvez, o maior exemplo de que a verdadeira conexão entre as pessoas não precisa ser forçada, não precisa ser um espetáculo. Às vezes, a realidade se apresenta de formas sutis, através de gestos, palavras e momentos de cumplicidade. E isso, mais do que qualquer coisa, me faz perceber que talvez, no fundo, sempre soubemos que de alguma forma fomos feitos para estarmos juntos.

Ao lembrar de todos os momentos que passamos, percebo que cada discussão boba, cada implicância, e até mesmo as brigas que pareciam nos afastar, na verdade, nos aproximavam ainda mais. Com Erick, aprendi que o amor verdadeiro não é perfeito. Ele é bagunçado, imperfeito, mas é real. É ele quem me faz rir quando estou triste, quem segura minha mão mesmo quando eu não peço. Ele é o tipo de pessoa que, no meio de um caos, sabe como me acalmar apenas com um olhar.

Lembro de quando ele fez questão de estar ao meu lado, mesmo quando eu insistia que não precisava. E como, em momentos de silêncio, era como se pudéssemos conversar sem trocar uma palavra. Talvez eu não soubesse antes o que era o amor, porque nunca alguém tinha me feito sentir assim. Erick é aquele que está lá, mesmo nas pequenas coisas. E, agora, aceito que não existe perfeição, que o amor é algo construído aos poucos, na base do respeito, da amizade e da admiração.

O que mais me assusta, e ao mesmo tempo me acalma, é saber que talvez já tenhamos pertencido um ao outro muito antes de percebermos. Isso nos faz bem, e eu não trocaria essa jornada por nada.

O despertar do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora