Erick estava sentado ao lado de Ayla no sofá, conversando com aquela facilidade de sempre. Mas, desta vez, algo era diferente – algo indefinível pairava no ar, e ele percebia isso a cada segundo. O acordo que tinham feito, aquela barreira cuidadosamente montada entre eles, parecia mais frágil do que nunca. A ideia de manter as coisas no “modo público” era cada vez mais difícil de sustentar, e ele estava cada vez menos preocupado em tentar.
Ele se deu conta de que, talvez, estivesse aproveitando esse falso relacionamento mais do que deveria. Olhava para Ayla, capturando detalhes que antes não se permitia notar. E quando os olhos dela encontraram os dele, tudo ao redor se desvaneceu. Era como se, naquele instante, nada mais existisse além deles.
Erick sorriu, sentindo-se atraído para perto dela. Sem pensar, sua mão foi em direção à dela, movendo-se devagar, e ele viu que Ayla não recuava. Talvez ela também sentisse aquele impulso, mas ele sabia que estava quebrando as próprias regras. Ou, quem sabe, ambos estavam.
"Você lembra que a gente combinou que isso só aconteceria em público?" ela murmurou, com um leve sorriso, mas a tensão em sua voz não passava despercebida.
Ele apenas deu de ombros, puxando-a com delicadeza. "É... mas ninguém precisa saber disso, certo?" Ele falou com um sorriso despreocupado, mas por dentro, sentia a intensidade de tudo que segurava até então.
Ele a envolveu num abraço, e naquele momento, tudo mudou. Aquilo já não era mais uma troca de afeto fingida – havia algo real ali, algo que nenhum dos dois queria admitir. Erick sabia que estava ultrapassando limites, mas não conseguia parar. Sentia o coração dela bater contra o dele, e isso fez o próprio acelerar.
Luna apareceu ronronando derrepente,aliviando a tensão que se formava.
O ronronar de Luna veio como um alívio bem-vindo. Ela saltou para o meu colo e se acomodou, esfregando-se satisfeita. Erick soltou uma risada ao lado, e eu acariciei Luna, aliviada pela interrupção.
Eu o olhei de lado, tentando recuperar meu tom habitual e leve. "Acho que até a Luna sabe que você não consegue manter uma promessa, Erick." Ele apenas riu mais alto, e isso só me deu mais vontade de implicar.
"Ei, a culpa é sua," ele respondeu, com aquele brilho nos olhos que eu conhecia bem demais. "Você sempre me provoca com esses olhares e nem percebe."
Eu arqueei uma sobrancelha, fazendo minha melhor expressão de indignação. "Ah, claro, a culpa é minha... Típico de você, Erick, sempre jogando a culpa nos outros."
Ele se inclinou, chegando mais perto, com aquele sorriso despreocupado. "Talvez seja mesmo. Mas você não parece se importar muito com isso, Ayla."
Revirei os olhos, tentando esconder o nervosismo. "Me importar? Você deve estar sonhando. Quem está se importando demais com esse acordo é você." Dei de ombros, tentando soar desinteressada, enquanto Luna continuava ronronando em meu colo.
Mas Erick não se deu por vencido. Continuou me encarando, com um sorriso que deixava claro que ele não ia desistir tão fácil. "Eu me importo porque você é a melhor coisa que já me aconteceu. Com ou sem acordo."
Senti meu rosto esquentar. Para não demonstrar nada, voltei minha atenção para Luna, que ainda se esfregava em mim. Mesmo assim, não consegui me segurar e lancei um olhar de implicância para ele. "Sabe, Erick, você está cada vez pior no disfarce de ‘melhor amigo’. Cuidado, ou vou começar a acreditar que você gosta mesmo de mim."

VOCÊ ESTÁ LENDO
O despertar do amor
RomanceDesde a infância, Ayla e Erick mantiveram uma amizade marcada por travessuras e implicâncias. Quando tinham 18 anos, um vínculo especial surgiu entre eles, mas, ocupados com questões pessoais, nunca perceberam a profundidade dos sentimentos que comp...