Enquanto folheio uma antiga edição da Capricho, fico rindo sozinha das matérias sobre os famosos da época. Fotos de cantores que eu amava, matérias sobre filmes que marcaram minha adolescência e testes sobre "qual estilo de vida das celebridades combina com você". É uma viagem no tempo, e não consigo evitar me perguntar por que pararam de fazer essas revistas. Sinto saudade daquele ritual de folhear as páginas com uma ansiedade curiosa, descobrindo as novidades dos meus ídolos.Nesse momento, Erick aparece e se joga no sofá ao meu lado, espiando por cima do meu ombro. Ele começa a rir também, vendo as fotos e relembrando algumas bandas que eu obrigava ele a ouvir quando éramos mais novos.
— Nossa, você ainda tem essas revistas? — ele pergunta, balançando a cabeça em um misto de descrença e nostalgia. — Eu lembro de você me arrastando pra comprar essas coisas todo mês.
— Claro que tenho! Isso aqui é um pedaço da minha adolescência — respondo, tentando não demonstrar o quanto fico feliz com a lembrança dele. — Mas você lembra por que pararam de fazer?
Erick fica em silêncio por um instante, franzindo as sobrancelhas como se estivesse buscando uma resposta.
— Acho que, sei lá, com a internet e as redes sociais, todo mundo começou a ter acesso direto aos famosos. As revistas meio que perderam o espaço, né? Mas, sinceramente, eu gostava mais dessas coisas... era como um evento, uma desculpa pra gente sair e você gastar todo o meu dinheiro com revistas e sorvetes — ele diz, com aquele sorriso de canto que sempre me desmonta um pouco.
Eu rio, revirando os olhos.
— Ei, você adorava aquelas saídas, admita!
— Tá bom, talvez um pouco — ele cede, levantando as mãos em rendição. — E você fazia parecer que era importante... e até hoje eu não entendo como você acreditava nas previsões astrológicas dessas revistas.
— Não era só sobre acreditar, era divertido — digo, tentando justificar a mim mesma o quanto tudo aquilo era importante.
Erick ri de novo, e continuamos folheando a revista juntos, lembrando de como tudo parecia mais simples naqueles tempos. E, por um breve momento, sinto que estamos de volta àquela época, como se nada tivesse mudado.
Erick odiava essas revistas, mas nunca reclamava. Eu sabia que ele só me acompanhava porque gostava de me ver animada. E minha mãe era outra cúmplice nessa história. Ela sempre chegava em casa com uma surpresa nova: CDs dos meus cantores favoritos, almofadas estampadas com frases de músicas, e até um pôster gigante do Luan Santana, que até hoje está pendurado na parede do meu quarto. Erick sempre zoava meu gosto por Luan, perguntando se eu não ia enjoar daquele sorriso.
— Não sei como você ainda aguenta esse pôster — ele comenta, apontando para a parede.
— E quem disse que você precisa entender? — respondo, rindo. — Eu era apaixonada por ele!
— Era? — ele arqueia uma sobrancelha, provocador. — Acho que ainda é, se for pelo pôster. Vai que um dia você troca minha amizade pelo Luan Santana...
Dou um empurrão de leve no braço dele, e ele sorri, aquele sorriso meio debochado que ele sempre dá quando está tentando me provocar. Mas, por mais que ele zoasse, eu sabia que Erick estava lá por mim, mesmo que ele achasse aquilo tudo uma grande bobagem. E era isso que tornava essas memórias tão especiais.
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O despertar do amor
RomanceDesde a infância, Ayla e Erick mantiveram uma amizade marcada por travessuras e implicâncias. Quando tinham 18 anos, um vínculo especial surgiu entre eles, mas, ocupados com questões pessoais, nunca perceberam a profundidade dos sentimentos que comp...