Eu encarava o teto do quarto, as mãos atrás da cabeça, com a mente inquieta. Desde que vi aquele contato no celular de Ayla, uma ansiedade estranha tinha se instalado em mim, tirando meus dias — e noites — de sono. Quem era? E, pior, por que ela não comentava nada? Senti o estômago se contorcer com a incerteza, e, no fundo, sabia que estava começando a imaginar coisas, mas não conseguia evitar.
Ouvi o som das chaves na porta. Em poucos segundos, Ayla entrou no quarto. Ela jogou a bolsa sobre a cama, tirou o celular do bolso e o deixou na mesa ao lado da cômoda. Tudo nela parecia distraído, como se estivesse longe, mesmo estando ali comigo. Ela me deu um leve sorriso de canto, mas seus olhos evitavam os meus. Eu a observei enquanto ela seguia direto para o banheiro, sem dizer uma palavra.
Assim que a porta se fechou, olhei para o celular dela ali, silencioso, a poucos metros de mim. Senti uma vontade estranha de pegar e ver se aquele contato misterioso estava lá, como se isso pudesse me dar alguma resposta, mas então pensei melhor. Ayla confiava em mim. Que tipo de amigo — de namorado— eu seria se desrespeitasse essa confiança?
Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me convencer de que estava criando problemas onde não existiam. Talvez fosse apenas alguém da família. No entanto, mesmo me esforçando para manter a calma, a dúvida continuava a me corroer. Eu precisava saber, mas também precisava que ela me dissesse.
Sei que não deveria fazer isso mas não consegui me conter,peguei seu celular e desbloqueei a tela,Ayla nunca se importou com isso mas agora ela pode ficar brava por estarmos nesse embaraço.
Fui em seus contatos e o contato sem foto era de Rafael,olhei as conversas rapidamente.
"Eu gosto muito de você Rafa,mas sei que Erick não gosta de nos ver próximos por isso acho melhor nos afastamos. Tenha um bom dia."
Após ler isso notei que o contato estava bloqueado.
Eu sentia o peso do celular nas minhas mãos como se ele estivesse queimando. Rafael era um amigo de Ayla , e, se eu fosse honesto, eu sabia que meu ciúme era injusto. Ela sempre me contou sobre ele, sempre foi transparente. Nunca houve nada além de amizade entre eles, mas, de alguma forma, o simples fato de ele estar perto dela me incomodava mais do que eu queria admitir.
Olhei de novo para a mensagem que ela tinha mandado. "Eu gosto muito de você Rafa, mas sei que Erick não gosta de nos ver próximos por isso acho melhor nos afastamos." Ela estava cortando uma amizade por minha causa, me colocando acima de algo importante para ela. E eu não sabia se merecia isso.
Deixei o celular de volta no lugar e passei as mãos pelo rosto, tentando controlar a onda de emoções que subia dentro de mim. A porta do banheiro abriu, e Ayla saiu me lançando um olhar breve, talvez percebendo minha expressão tensa, mas não disse nada. Eu podia ver a leve exaustão em seu rosto, como se ela também estivesse se desgastando com tudo isso.
— Ayla — chamei, e ela parou, me olhando com uma expressão entre curiosa e cautelosa. — Precisamos conversar.
Ela se aproximou e sentou na beira da cama, um pouco hesitante.
— O que houve, Erick?
Respirei fundo, buscando coragem. Talvez fosse o momento de ser honesto sobre meus sentimentos, mas eu também precisava saber onde estava pisando.
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O despertar do amor
RomansaDesde a infância, Ayla e Erick mantiveram uma amizade marcada por travessuras e implicâncias. Quando tinham 18 anos, um vínculo especial surgiu entre eles, mas, ocupados com questões pessoais, nunca perceberam a profundidade dos sentimentos que comp...