Gertrudes e Jaburago.

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Estávamos em um restaurante, eu e Erick, sentados lado a lado, tentando passar por "casal perfeito" para impressionar os amigos dele. Eles não eram muito próximos, então nem precisava se preocupar em revelar nosso teatro. De qualquer forma, o drama é sempre uma boa opção, né?

Decidi que seria um pouco divertida. Me inclinei e, com aquele sorriso exageradamente meloso, passei a mão no cabelo dele, que me olhou como se já soubesse que ia dar em cena. Mas ele entrou na brincadeira.

- Ai, meu amor, lembra daquele dia que você me levou pra jantar naquele restaurante caro? - suspirei dramaticamente, segurando o rosto dele com as duas mãos, como se estivéssemos em algum filme romântico.

Erick piscou, meio perdido, mas respondeu no mesmo tom.

- Claro, amor! Você ficou tão emocionada com a conta que quase chorou.

Soltei uma risada, mas mantive a pose de "casal feliz".

- Pois é, eu mal consegui comer de tão impressionada com o preço. Mas o que importa é que estávamos juntos, não é? - sorri como se fosse a coisa mais linda do mundo, dando um tapinha no ombro dele... só que talvez com um pouco mais de força do que ele esperava.

Erick fez uma careta de leve, tentando disfarçar, e eu me segurei para não rir. Antes que ele pudesse falar algo, um dos amigos dele comentou:

- Vocês parecem até um casal de filme!

Eu me segurei para não explodir em risada, mas Erick aproveitou a deixa, se inclinou e sussurrou para mim:

- Isso aqui é mais pra comédia do que romance, né?

Quase gargalhei, mas mantive a postura e devolvi no mesmo tom:

- Pois é, só falta a trilha sonora e a pipoca.

Ficamos nos cutucando enquanto os amigos dele conversavam. Um deles, observando a nossa "química", resolveu entrar na onda.

- Vocês dois já pensaram em casamento?

Na hora, Erick me olhou como se eu fosse responder. Dei uma leve tossida e o encarei com aquele olhar de "Vai lá, desembucha".

Ele, sem graça, pegou minha mão e disse com um tom teatral:

- Ah, claro, amorzinho, já estamos até escolhendo o nome dos filhos, não é?

- Ah, sim! - eu concordei, segurando o riso. - O que você acha de Gertrudes? Sempre quis uma filhinha chamada Gertrudes.

Ele quase perdeu a compostura.-Parece nome de galinha ele disse baixo e eu quase ri.

- E se for menino, será... Jaburango, não é, querida?Acho esse nome tão..lindo.

-Seria perfeito se nossos filhos fossem um galo e uma galinha,falei em seu ouvido e ele deu uma risada baixa.

Nossos rostos ficaram sérios, mas só nós sabíamos o quanto estávamos segurando a gargalhada. Um dos amigos soltou um "Nome... diferente", e Erick deu um suspiro dramático, se inclinando e apoiando o rosto na minha mão.

- Ah, meu amor, você sempre tão criativa.

Eu pisquei para ele, tentando manter a atuação e me segurando para não rir.

O despertar do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora