Fundações

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— Esmeralda, vai todo mundo se reunir hoje.

— Vamos para Hogsmeade.

— Ah, ok. Aproveitem o passeio.

— Hazz.

— Não posso, me enrolei na matéria de História da Magia ontem.

— Ok, também não vamos. — o Potter ergue o olhar de seu livro.

— O quê? Não, vocês vão. Têm que sair e se divertir.

— Sim, por isso estamos instaurando uma nova regra: só sairmos se você sair.

— Isso não é saudável. — Harry joga uma cartada morta, mesmo já tendo entendido o objetivo.

— Que seja, você também não está muito saudável no momento.

— Já que não consegue se preocupar com a própria saúde, vamos ter que usar seu complexo de herói.

— Eu não–

— Hazz.

— Ok, eu sim, mas não... Vão, por favor.

— Esmeralda, por quê? Estão todos preocupados.

— Até Draco se reaproximou do grupo, ninguém vai reclamar se você voltar.

— Eu não posso! — Harry desaba em uma cadeira, se enrolando em si mesmo — Eu não posso. — Fred e George se aproximam, confusos; o mais velho acaricia suavemente as costas do namorado, deixando o irmão lidar com a conversa emocional.

O ruivo mais novo se ajoelha e puxa as mãos do rosto de Harry, obrigando os olhos verdes a encará-lo.

— Por que não?

— Porque eu sou um covarde.

— Não é. Esmeralda, já te vimos sair para caçar um nundu, a última coisa que é é covarde.

— Eu sou. Coragem não é não sentir medo, é enfrentá-lo, e eu não sinto medo de nenhuma criatura.

— Então o que está te assustando?

— A guerra. Todos vocês vão lutar, mas eu não quero. Voldemort já destruiu minha vida uma vez, e é egoísta, mas não quero enfrentá-lo de novo. Eu só quero... Sair e cumprir a vida que planejei, mas quase todos com quem me importo vão lutar, então eu deveria ficar.

Os gêmeos sorriem.

— É um alívio ouvir isso, na verdade.

— Como é?

— Você já fez mais que qualquer outro, a não ser, talvez, Dumbledore. A diferença é que ele é adulto e escolheu essa guerra.

— Você foi feito de alvo sendo inocente. — o moreno ergue o olhar assustado para Fred — E mesmo assim, derrotou ele sendo só um bebê.

— E mais três vezes depois disso.

— O segundo ano não era ele, era uma horcrux, e no quarto ano... Eu não o derrotei. Se não tivesse quebrado as regras e levado a maleta nem teria sobrevivido.

— Mas sobreviveu. Muitos bruxos experientes já morreram só de pensar que ele chegaria perto, e você o derrotou quatro vezes, Hazz. Já fez mais que sua obrigação.

— Não é covardia. — acrescenta Fred — Muitas pessoas fogem ao primeiro sinal de conflito para não ter nenhum envolvimento, e nem isso é covardia, é autopreservação. Se perdermos essa guerra, não foi culpa sua.

— Mas se ganharmos, não teria acontecido sem você. — o mais novo soluça.

— Pode ser sobre o resultado final, mas vocês vão lutar. Seus irmãos, Neville, Remus, Sirius... Todos vão lutar. E se algum de vocês morrer porque eu não estava aqui?

Scamander's sonOnde histórias criam vida. Descubra agora