Festa de despedida

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Despedidas nunca foram fáceis pra Natália, muitas de suas despedidas foram sem aviso prévio, seu irmão gêmeo se foi em um piscar de olhos, a morte dele levou ela a se despedir de suas amigas também, depois daquele dia cada uma foi para um lado e nenhuma ficou ao lado dela, bom, a fotógrafa não as culpa, ela passou por um momento difícil e se isolou de tudo e todos, a única que ainda a procurou foi Carol, mas até dela Natália se afastou e depois disso não ouve outra tentativa, seus pais se foram algum tempo depois, sem aviso, apenas saíram em um dia comum e nunca mais voltaram, o único que tinha ficado foi Pedro, ele sempre foi sua constante, e mesmo quando ele se casou e construiu uma família pra si, ele ainda sim ficou com ela.

Então, ver o grande amor da sua vida de caixas e malas prontas para ir pro outro lado do mundo deixou Natália meio perdida, Carol era sua melhor amiga, e recentemente Natália admitiu para si mesma que a amava, e não contente só com isso, disse para a melhor amiga que a amava e a amava muito, e como tudo em sua vida, isso também não saiu como ela esperava, o que ela esperava ? Ela se pergunta na maioria das vezes. Que Carol se jogasse em seus braços e dissesse que também a ama ? Que desistiria de ir para o Canadá para ficar com ela ? O que ela queria ?

No fim, ela só queria que Carol ficasse, ela queria valer a pena, queria que alguém mais além de Pedro ficasse, escolhesse ficar.

Natália

Ao sair da casa de Carol sentir que finalmente podia respirar, ver aquelas caixas e ter a certeza que ela iria embora estava me sufocando, entro no carro e espero até minha respiração voltar ao normal, limpo algumas lágrimas que insistem em cair, respiro fundo algumas vezes e ligo o carro.

Agradeço silenciosamente por não ter esbarrado com ninguém ao chegar em casa, vou direto pro meu quarto, me jogo na cama de qualquer maneira e afundo meu rosto no travesseiro, a vontade que tenho é de gritar, mas me contenho, não quero correr o risco de incomodar ninguém, principalmente Pedrinho que é só um neném, então fecho meus olhos, na falha tentativa de esquecer as últimas semanas.

- Natália? Natália você tá aí?

Me espanto com as batidas na porta, me sento na cama esfregando meus olhos, em algum momento ontem eu levantei e troquei de roupa, vejo meu vidro de remédio meio aberto em cima da mesinha ao lado da cama, não me lembro de tê-lo tomado, mas isso explicaria o fato de eu ter apagado durante o resto da tarde e varado a noite também.

- Natália?

Taís pergunta mais vez e percebo que não a respondi

- Oi

- Você pode olhar Pedrinho enquanto eu tomo banho? Pedro teve que sair e a Cláudia foi no supermercado, e eu realme.....

- Tudo bem Taís - falo alto para que ela escute -  você me convenceu assim que mencionou o nome do Pedrinho.

Ouço ela ri ... - Obrigado Natália

Me levanto e vou rápido no banheiro, jogo uma água no rosto na tentativa fracassada de melhorar o rosto inchado e os olhos vermelhos, eu devo ter chorado também em algum momento, jogo ainda mais água no rosto e escovo meus dentes, amarro meu cabelo em um coque bagunçado e vou atrás da minha cunhada.

- Taís ? - a chamo batendo na porta do seu quarto

- Entra Natália

- Cadê o garotão da Titia? Uhum cadê?

Pergunto entrando em seu quarto e me aproximando do berço de Pedrinho.
Pedrinho tinha apenas duas semanas mas já era tão esperto.

- Obrigada.

Todos os caminhos me levam até vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora