Pai por acaso.

Capítulo 67:Resolvendo as coisas.

-Você não ousaria sair por essa porta, a menos que alguém tenha te dado permissão pra fazer isso mocinha.

A menina sentiu como se o mundo estivesse parado a sua volta,aquela era a voz de Andrey, carregada de uma calma e autoridade que eram inconfundíveis, a menina congelou no lugar ela ainda estava de costa pra porta e com a mão na mala,ela sentiu um arrepio e seu corpo começou a ficar em alerta,até o seu coração pareceu parar por um breve momento,ela se virou lentamente temendo que qualquer movimento brusco ele poderia até atacá-la, ela deixou a mala ali de lado e olhou pra ele.

Andrey estava parado ao pé da escada olhando para ela com uma expressão fácil passiva que era impossível de ler, ela percebeu que os olhos dele estavam em um azul mais escuro que o normal e ele tinha os braços cruzados sobre o peito,ele não parecia bravo,mas tinha algo em sua postura que deixava claro que ele não estava pra brincadeiras, a sala se encheu em um silêncio ensurdecedor entre eles por alguns instantes, que para Allysa pareceram uma eternidade.

Ela engoliu em seco e tentou encontrar alguma palavra certa para tentar se explicar pra ele,mas nenhum som saía, as lágrimas que ela achava que não existiam mais ameaçavam voltar enquanto deixava a sua visão turva, mas ela não queria chorar na frente dele, ela se recusava a continuar parecendo uma garotinha fraca e inofensiva,ela queria mostrar que era forte e sabia tomar as suas próprias decisões,ela então tentou começar a falar,mas a sua voz falhou.

-Eu...

Andrey soltou um suspiro ao que parecia cansado, descruzou os braços e caminhou de uma maneira calma e devagar até a menina não querendo assusta-lá mais do que ela já estava,cada passo que ele dava na direção dela aumentava ainda mais a tensão que a menina estava sentindo,ele parou a alguma distância dela para dá-la algum tipo de espaço,e perguntou com uma voz baixa porém firme.

-Você ia sair sem dizer nada?

Allysa sentiu o seu estômago revirar e começou a sentir um enjoou forte,ela queria gritar olhando nos olhos dele que ela não devia nenhuma explicação do que ela iria fazer da vida dela,que ele não tinha o direito de impedi-la de fazer o que quisesse,mas ao mesmo tempo uma parte dela falava que ele esperava e merecia uma resposta,ela então falou começando a disparar com uma voz mais alto que o normal e também mais dramática e sensível deixando claro que ela estava segurando o choro.

-Por que você se importa? Eu sei que você não me quer mais aqui! Sei que você só fez o que fez por obrigação! Eu não sou sua filha Andrey! Eu...eu não sou nada pra você! Eu não passo de uma órfã rica que você resolveu acolher temporariamente!

Andrey a escorou em silêncio por alguns momentos enquanto tentava racionar e absorver as palavras que ela havia acabado de dizer,os seus olhos ficaram mais suaves e a menina pode jurar que o tom do olho dele clareou novamente,ele estava tentando entender de onde aquela explosão repentina estava vindo,a menina estava olhando pra ele como quem esperasse que ele confirmasse o que ela havia dito, que a deixasse ir embora sem discutir,não tentasse fazê-la mudar de ideia, em vez disso dissesse que ela era uma pirralha egoísta e mal agradecida e a expulsasse dali,mas ele não fez isso, em vez disso perguntou olhando pra ela com uma voz baixa e que parecia estar bem decepcionado.

-Isso é o que você acha sobre mi depois de tanto tempo? Que eu só estou com você por obrigação?

Allysa desviou o olhar e começou a encarar os próprios sapatos agora com as lágrimas escorrendo livremente pelo seu rosto e caindo no chão de uma maneira dramática,ela até tentou limpar rapidamente para que ele não percebesse, mas era inútil,ela não queria parecer fraca ainda mais naquele momento,mas já tinha saído do controle,ela então susurrou ainda olhando para o chão e deixando um soluço escapar entre as suas palavras.