Pai por acaso.

Capítulo 68:Você me chamou de que?

-Mas as coisas mudaram Ally, e em muito pouco tempo,desde que você entrou na minha vida, naquele primeiro dia que era só uma simples conversa entre orientador e aluna tudo começou a mudar, eu percebi que talvez você não fosse só mais uma simples aluna... quando eu te trouxe pra minha casa, no começo eu pensei que estava fazendo só o que era certo,mas depois de um tempo, eu percebi que...eu não conseguiria mais imaginar a minha vida sem você por perto.

A menina piscou algumas vezes claramente surpresa com as palavras dele,o coração dela bateu de uma maneira mais ansiosa, pois ela nunca imaginou que Andrey seria capaz de falar aquelas coisas e muito menos se sentir assim,durante muito tempo ela acreditou que era um fardo,um peso, algo que ele suportava por obrigação, e quando ele tivesse a chance iria chutar ela pra fora, ele então falou continuando a olhar pra ela de uma forma carinhosa e com um sorriso leve e cansado nos lábios.

-Não é fácil pra mim, as vezes eu vou errar, e por mais que não pareça as vezes eu me sinto completamente perdido e sem saber o que fazer, as vezes você consegue me deixar doido sem precisar falar nada, isso é tudo novo, eu não sei ser pai,e as vezes eu acho que eu sou um desastre nisso, mas eu quero tentar...quero tentar por você.

Allysa ficou em silêncio por alguns momentos enquanto tentava racionar o que ele havia acabado de dizer, o que aquilo significava exatamente, que agora ela era a filha dele,ela não sabia o que pensar,as palavras dele fizeram ela ter um sentimento que ela nunca havia tido antes,a sensação de ter um pai, ela então perguntou quase em um susurro.

-Mas...o que vai acontecer comigo agora?

Andrey percebeu através do tom de voz dela que ela estava se sentindo vulnerável,era como se mesmo depois de tudo que ele tivesse dito,ela ainda não estivesse acreditando que a vida dela não iria mais mudar de uma maneira tão brusca,ele respirou fundo pois de um jeito ou de outro estava preparado para uma grande revelação, ele olhou para os olhinhos azuis de Allysa e falou de uma maneira calma e carinhosa, porém bem séria pois precisava da atenção dela naquele momento.

-Mesmo você me odiando, eu fui o primeiro a saber quando o Vicenzo voltou, e nós dois decidimos que era melhor não te contar que estávamos entrando em um acordo,e com a permissão dele eu resolvi dar início a um processo de adoção.

Allysa ficou sem ar por alguns instantes não conseguindo acreditar no que ele estava falando, normalmente quando alguém queria adotar preferia um bebê, ela sempre ouviu que adoção era igual cachorro, todo mundo preferia um filhotinho,ela então perguntou para ter certeza pois a ficha ainda não havia caído.

-Você...começou um processo de adoção? Você quer me adotar? Você quer dizer...que...

-Isso mesmo, só que você é uma pestinha teimosa e impaciente,que eu não tive a chance de te contar, aconteceram tantas coisas ao mesmo tempo,eu estava esperando o momento certo e queria tornar disso especial,mas nem tudo é do jeito que queremos então aqui estamos nós.

Allysa piscou novamente enquanto sentia um nó se formar em sua garganta e parecia que tinha borboletas em sua barriga, mas era uma sensação boa,ele estava falando sério e ela nunca poderia imaginar isso,havia tantos sentimentos se misturando dentro dela que causavam um turbilhão de emoções, alívio,medo,felicidade,dúvida, ansiedade,mas o sentimento que era mais predominante era a felicidade e o alívio,o sentimento de pertencer a um lugar e a última vez que ela se sentiu assim era na casa da sua mãe,ela então falou com uma voz quase inaudível ainda em estado de negação.

-Mas...você não precisa fazer isso...eu não quero ser um peso pra você,um peso que você vai ter que aguentar para o resto da vida...

Andrey falou com firmeza a interrompendo e segurando o queixo dela de uma maneira firme porém delicada para fazê-la olhar pra ele, ele sabia que era normal ela ainda está em estado de negação,era uma grande notícia pra ela processar de uma vez.