Allysa estava deitada de bruços em sua cama chorando com o rosro interrado no travesseiro,o quarto estava silencioso apenas pelo barulho abafado dos soluços que ela estava tendo a quase uma hora,o seu coração estava pesado, e estava doendo mais que o seu traseiro latejante,era uma sensação que ela não conseguiria descrever,a cada lágrimas que escorria pelo seu rosto,ela sentia que perdia mais de si mesma,era como se algo estivesse a quebrando por dentro, pedaço por pedaço.
Ela estava pensando em Vicenzo, ele tinha voltado a alguns dias e tinha entrado em contato com ela pela primeira vez em meses,mas embora ela estivesse esperando alguma notícia boa, ele só trouxe uma que não era tão boa quanto ela imaginava "Você não precisa mais ficar com o Andrey ",aquilo era como um vírus se espalhando lentamente pela sua cabeça e seus pensamentos.
E desde que ela recebeu aquela notícia só conseguiu pensar em uma única coisa,Andrey não queria mais saber dela,claro que ele não queria,ele nem era filha dele, nunca foi e nunca seria, e por mais que ela quisesse um pai como ele sabia que seria impossível, ainda mais depois de hoje,talvez fosse por isso que ele a tratou de uma maneira tão fria,ele não queria era por perto, e por que ele iria querer,ela só era uma garota órfã que ela tinha nenhum laço de sangue com ele, e ele não a devia nada.
Ela estava se sentindo descartável, como se o tempo que ficaram juntos e tudo que construiram um ao lado do outro não valesse nada,e aquele episódio de mais cedo só confirmava que ele não a aguentava mais,Andrey estaria melhor sem ela,ele tinha uma vida própria,responsabilidades que não incluíam cuidar de uma adolescente mimada como ela.
As palavras de Vicenzo ainda estava rodando em sua cabeça, e ela já estava exausta de tanto chorar,ela se levantou devagar sentindo o seu corpo fraco e doendo,ela não sabia como conseguiu correr por que as suas pernas ardiam bastante,seus olhos e bochechas estavam vermelhos e inchados,ela fungou enquanto tentava conter os soluços e olhou para cada canto do quarto, o lugar que antes a trazia conforto,cada canto parecia vazio e sem vida,e nada ali fazia mais com que ela se sentisse em casa.
Ela respirou fundo e agora estava determinada a dar um jeito em sua vida, ela pegou algumas de suas roupas e começou a jogá-las com força em cima da cama,ela pegou uma mala de rodinha e começou a enfiar as roupas de maneira brusca como se estivesse brigando com elas e as suas mãos estavam tremendo,mas aquilo não a impediu,ela precisava sair dali o mais rápido possível, não podia ser um peso, ela não iria ser mais a garota que Andrey nunca quis, Vicenzo estava certo e seria melhor assim,ela então falou em um susurro só pra ela ouvir enquanto amassava uma blusa e jogava na mala.
-Eu não sou nada pra ele!...Ele não precisa de mim! E eu também sou Allysa Marie Lefevre e não preciso dele!
Aquela era uma mentira, uma mentira que ela estava querendo contar a si mesma,era bem mais fácil do que encarar aquela verdade fria e dolorosa, mesmo ele não querendo e a odiando, ela queria ficar perto de Andrey, queria ficar naquele lugar,queria sentir que era amada, mesmo por alguém que ela não conhecesse a alguns meses atrás, mas aquele sentimento não era nenhum pouco recíproco.
Ela parou por alguns instantes olhando a mala que ainda estava bem vazia e a sua visão turva devido às lágrimas, ela fungou novamente e limpou o rosto com a manga da sua blusa do uniforme, o seu peito estava apertado e ela não tinha mais lágrimas para chorar, ela já havia esgotado todas.
Ela começou a ter Flashbacks de lembranças que viveu com Andrey, desde os pequenos gestos de carinho até as enormes discussões que tiveram, e mesmo com tudo isso ele sempre a ajudava nos dias difíceis,mesmo que ele não precisasse,de como ele tentava colocar limites e regras pra protegê-la, mesmo que ela não entendesse na hora.
Ela estava se sentindo culpada, talvez ela fosse inocente e tivesse esperado demais dele,talvez fosse egoísmo e injusto que ela exigisse aquilo dele, exigisse que ele fosse algo que ele não estava preparado e muito menos queria ser,ele ja tinha a sua vida própria, responsabilidades maiores que ela não entendia e que não há envolviam, Allysa então susurrou sentindo o peso daquelas palavras a sufocarem.
-Ele nunca me quis...eu sou só uma órfã pra ele.
No fundo, bem no fundo ela sabia que Andrey se preocupava com ela, ele sempre tentava fazer tudo que fosse para o bem dele e aquela foi a primeira vez que ele a machucou não só fisicamente,mas também emocionalmente,mas ela estava com medo de ser rejeitada, medo de estar se apegando e ser empurrada para longe, Vicenzo estava apenas constatando o óbvio,ele apareceu dizendo o que ela já sabia, ela não precisava ficar ali.
Ela respirou fundo enquanto continuava a arrumar as suas coisas e olhou para a sua cama pegando a coisa mais preciosa que ela tinha e colocando com cuidado na mala, o ursinho que a sua mãe havia dado,a casa coisa que ela colocava na mala era como se estivesse a empurrando para longe daquele lar temporário,daquele sentimento de pertencimento que nunca foi dela, ela então fechou o zíper com força e colocou a mala no chão.
Ela estava pronta para ir embora, cortar de vez o laço que a prendia naquela casa e naquela relação incerta com Andrey,porém uma pequena parte de seu coração desejava que ele a dissesse pra ficar, dissesse alguma coisa que a fizesse parar,ela queria que ele pedisse pra ela ficar,que dissesse que a queria por perto,mas sabia que isso não aconteceria.
Allysa parou por alguns instantes no quarto silencioso, e olhou para a mala pronta em seus pés com as mãos trêmulas e o coração acelerado,ela não queria pensar duas vezes,se ela pensasse muito iria acabar recuando,e isso ela não poderia permitir, não agora, ela então caminhou até a maçaneta da porta,e parecia que o metal da maçaneta estava congelando pela primeira vez pois ela sentiu um frio em seus dedos,ela girou a chave tentando fazer o mínimo de barulho possível, e em seguida girou a maçaneta abrindo a porta lentamente.
Por mais que não tivesse feito muito barulho, o barulho pareceu ser trovões para os seus ouvidos,mas ela respirou fundo mantendo a calma,ela abriu a porta e olhou para o corredor que estava vazio,não tinha nenhum sinal de Andrey e ela respirou fundo sentindo um alívio temporário, era agora ou nunca.
Com passos leves e silenciosos ela caminhou pelo corredor devagar e arrastando a mala com o máximo de delicadeza que conseguia,ela começou a descer as escadas com passos leves, um degrau por vez, enquanto tentava não fazer barulho,ela estava sentindo como se qualquer um deles pudesse entregar a sua presença a qualquer momento,o seu coração batia forte e os seus pulsos estavam tremendo, era como se seu coração fosse sair pela boca e ouvidos.
Cada passo parecia um enorme desafio, pois embora a escada fosse nova parecia que era uma madeira velha e antiga que rangiria a cada passo que ela dava,mas ela continuou torcendo para que ele não estivesse por perto para ouvi-la,por que ele tivesse, ele poderia...não ela não queria nem pensar no que ele poderia fazer.
Ao chegar no último degrau e colocar a mala no chão ela parou por alguns momentos,e ela rapidamente olhou em volta tentando buscar qualquer sinal da presença de Andrey,nada, ele não estava em lugar nenhum,e o silêncio que dominava aquela sala a confortava de alguma forma,aquele era o momento perfeito,ela se aproximou lentamente da porta devagar e com muito cuidado,ela estava tentando não permitir que o medo que estivesse sentindo fosse paralisante e a impedisse de sair.
Quando seus dedos tocaram a maçaneta da porta,ela rapidamente começou a sentir suas mãos trêmulas pois uma sensação de pânico,medo e alívio a invadiram todas ao mesmo tempo,ela girou lentamente, pedindo aos céus que a porta não fizesse barulho,e as dobradiças responderam com um barulho suave e bem normal, e que pra ela foi extremamente alto,mas o som era suportável e parecia que o destino estava conspirando para a sua saída daquela casa.
Ela finalmente abriu a porta sentindo a brisa quente e ao mesmo tempo fria do fim de tarde e o vento bateu em seu rosto, ela estava se sentindo em um filme dramático,ela sentiu um arrepio leve uma mistura de medo com emoção, ela olhou para trás por uma última vez apenas para ter certeza que ele não estava a vendo, e que realmente estava livre para conseguir sair,e no momento em que ela deu um passo pra fora ameaçando sair, uma voz firme e que pareceu cortar o ar e todo aquele silêncio a impediu fazendo com que ela parasse no lugar.
-Você não ousaria sair por essa porta, a menos que alguém tenha te dado permissão pra fazer isso mocinha...
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Pai por acaso.
Novela JuvenilAllysa é uma garotinha um tanto fútil, mimada e arrogante, ela tem quatorze anos e acaba perdendo a mãe em um terrível acidente de carro, como não tinha ninguém da família para cuidar dela e ela iria acabar em um orfanato com uma enorme fortuna atra...