Capítulo 36: Vazio Existencial

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- As asas da mãe e da irmã do Rhysand, Eu as quero.

Tamlin me encara com uma expressão incrédula. Suas mãos tremem levemente, seja pela raiva ou pelo choque, enquanto a magnitude do meu pedido finalmente se encaixa em sua mente.

O silêncio que se segue é pesado.

— As... asas? — Ele repete, a voz quase inaudível. — Você só pode estar brincando, Amarantha.

Minha boca se abre em um sorriso preguiçoso, mas meus olhos são frios como gelo.

— Eu não brinco, Tamlin. — Minha voz sai baixa.

— Eu as queimei! — Ele solta uma risada amarga, nervosa.

— Mentira, não cansa de mentir pra mim? — Caminho lentamente ao redor de Tamlin, deixando que cada palavra pese sobre ele.

— Eu sei que você ainda está com elas.— O sarcasmo em minha voz é quase palpável. — Afinal mesmo com o seu coração de pedra, acredito que o remorço ainda vive ai dentro. Deve ser por isso que ainda as mantém.

— Você não sabe de nada sobre mim, Não pense que pode apenas opinar sobre isso! O pai dele... — O interrompo.

— Não... tudo começou com vocês, com a Corte Primaveril... Eu me pergunto como um lugar tão bonito, pode habitar tantos monstros enjaulados?

— Eu nunca quis isso — a confissão dele soa verdadeira.

— Não quero ouvir suas "desculpas". Elas não significam nada para mim. — Faço aspas com os dedos, tentando disfarçar o desdém que escorre pela minha voz. — Apenas me dê o que eu quero e eu irei embora, não precisará mais suportar minha presença. Não é perfeito? Todos ganham.

— Não são desculpas. — Ele me corrige, e por algum motivo isso me irrita mais do que deveria. Ele sempre precisa estar certo, sempre tem que ter a última palavra. — Mas se as quer... darei a você. Por um preço.

Eu dou uma risada seca, sem humor.

— Sabe que não pode negociar comigo, estou em vantagem aqui.

— Um preço — ele insiste, como se o que está por vir não fosse negociável.

Cruzo os braços, arqueando as sobrancelhas.

— Então diga.

Ele me encara por um longo segundo, antes de falar: — Não volte à minha corte, até o tratado acabar. — A rispidez na voz dele faz o ar entre nós quase crepitar. — Se quiser mandar recado, mande sua vadia ou qualquer outro monstro que você controla. Mas você ? Não a quero aqui novamente!

Meus olhos se estreitam de curiosidade. Há algo diferente, algo que não se encaixa.

Amarantha nunca fez questão de visitar esta corte antes; sempre mandava alguém no lugar. Agora, só porque me dei ao trabalho de vir, ele está basicamente me proibindo de voltar.

Será... o caldeirão manipulando o destino que deseja? Ou será o efeito de cada escolha que eu, uma alma que não pertence a este mundo, estou começando a provocar?

Uma coisa é certa: o efeito borboleta é real. E a minha morte... Ela está mais próxima do que eu imagino, e o Grão-senhor a minha frente é quem vai provocá-la.

Não posso permitir que o caminho que escolhi me leve a ela.

Eu me recuso a morrer.

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Corte de Sombras e Lembranças | AmaranthaOnde histórias criam vida. Descubra agora