Capítulo 38: Grão-Senhores

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Os Grão-Senhores começam a se aproximar do trono, suas presenças preenchendo o salão. Minhas garras recém-cortadas batem de leve contra o braço do trono, o som oco ecoando ao meu redor. Eu precisei cortá-las — não dava mais para continuar me arranhando com aquele tamanho exagerado. Ainda assim, a ausência do comprimento familiar me faz sentir um pouco exposta.

Os machos em minha frente se põem de joelhos junto com a sua corte, um gesto que parece quase forçado, mas é o que eu já havia imaginado.

Agora os que já estavam sob a montanha curvam apenas a cabeça. Olho para essa reverência com uma ponta de satisfação amarga. Sim, eles se ajoelham, mas por medo, não por respeito.

Como deve ser, me pergunto, ser reverenciada por admiração, por verdadeiro respeito? Eu provavelmente nunca saberei.

O som de asas batendo no ar interrompe meus pensamentos, e Attor sobrevoa os Grão-Senhores até pairar em frente ao trono. Ele desce lentamente, rastejando para o meu lado, sua presença nojenta preenchendo o espaço oposto ao do Rhysand.

— Eles trouxeram tantas histórias que até os pássaros fugiram... — ele solta uma risada aguda, já desconfio que tenha sido ele o responsável pela trombeta. Sempre ele quem cria um espetáculo indesejado.

— Helion, Kallias e Tarquin... — digo seus nomes um por um, e conforme faço isso, cada um deles ergue o olhar em minha direção.

Vejo o poder e a beleza que o Caldeirão os abençoou, e por um momento, me pergunto como seria estar no lugar deles, ser abençoada da mesma forma.

Helion aparece como um raio de luz dourada, seu sorriso largo está irradiando calor e "carisma" em minha direção, o que imagino ser outra farsa. Seus cabelos negros contrastavam perfeitamente com sua pele bronzeada, que parecia sempre brilhar, como se ele fosse constantemente tocado pelos primeiros raios do amanhecer. Mas eram os olhos, dourados como o próprio sol ao meio-dia, que prendiam a atenção — intensos, cativantes, carregados com uma força magnética que fazia com que qualquer um quisesse estar perto dele. Havia algo quase sedutor na maneira como se movia até o trono, como se o próprio mundo gravitasse em torno de sua presença, como se cada passo seu aquecesse o chão que tocava. Seu poder era tão palpável quanto o calor do sol que parecia emanar dele, e sua beleza — brilhante, irresistível — era uma força por si só.

Kallias é diferente, já que tem uma presença que parece roubar o calor de tudo ao redor. Seus cabelos brancos como neve caem em ondas suaves ao redor de um rosto esculpido em mármore, belo e frio, com traços tão refinados quanto uma estátua de gelo. Seus olhos, de um azul profundo e impenetrável, lembravam a vastidão de um lago congelado. Cada movimento dele é silencioso, calculado, como se o ar ao seu redor estivesse sempre à beira de um congelamento. Sua pele, pálida como uma manhã de inverno, refletia a luz do ambiente, e havia algo em sua postura, algo nos músculos sob suas roupas finas, que deixava claro que, sob aquele exterior gelado, uma força imensurável repousava. A presença dele, imponente e quieta, trazia à mente o poder destrutivo de uma tempestade de neve, bela e mortal em igual medida.

Corte de Sombras e Lembranças | AmaranthaOnde histórias criam vida. Descubra agora