Capítulo 40: Asas

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꧁༒ 𝓡𝓱𝔂𝓼𝓪𝓷𝓭 ༒꧂

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Quando ouço a batida na minha porta e vejo Lythia com aquela expressão neutra, sei exatamente o que ela quer. Não é preciso que me explique; a mensagem é clara como um golpe certeiro: Amarantha me requisita.

Vou até o seu quarto, um caminho pregado em minha mente. Respiro fundo e seguro a maçaneta, o peso da realidade me puxando para o que virá.

Como sempre, sou um objeto, um brinquedo à mercê dela. Outra rodada desse jogo degradante que conheço bem. O controle está nas mãos dela — e eu sou forçado a seguir cada regra.

Ao entrar no quarto, Sinto algo familiar, deve ser a normalidade voltando. O perfume dela paira no ar, enjoativo e torço o nariz. É quase como voltar a uma rotina... uma normalidade que, de tão distorcida, torna-se nauseante.

Meus olhos a encontram antes que eu possa me conter, e a visão me surpreende. Ela está com o mesmo vestido de antes, de mangas longas, sem aquele movimento esvoaçante que costumava exibir com tanto orgulho.

É de um verde simples, sem o decote que ela outrora adorava ostentar, destacando cada curva. Mas agora... ela faz de tudo para esconder cada centímetro de pele. Não sei o que isso significa, e, sinceramente, não entendo.

Caminho lentamente em sua direção, desfazendo os últimos botões da minha camisa com uma calma ensaiada.

— Lythia disse que precisava de mim — minha voz soa casual, mas meus olhos registram cada detalhe. Ela parece... ansiosa. Segura as próprias mãos, os dedos inquietos, uma peculiaridade que nunca vi antes nela.

Mas nós últimos dias era tudo o que ela tinha.

É quase como se a imponência habitual tivesse se fragmentado, dando lugar a uma hesitação estranha e, de certo modo, perturbadora.

Será isso parte dessa nova personagem que ela está tentando me vender? Um truque barato para disfarçar seus jogos habituais?

Penso em todos os atos anteriores dela, cada crueldade cuidadosamente planejada, e tudo agora parece insignificante. Uma máscara que, suspeito, só existe para manipular, para nos dobrar mais uma vez a seu prazer.

Mas há algo que não consigo ignorar. Aquele episódio com a criança... isso ainda martela em minha mente, uma peça fora de lugar no quebra-cabeça sádico dela.

Procurar por um sentinela qualquer da Corte Primaveril, mandar comida às câmaras regularmente — nada disso faz sentido para a mulher que conheço.

Corte de Sombras e Lembranças | AmaranthaOnde histórias criam vida. Descubra agora