Capítulo 31: Caçada e Câmara - O Jogo Mortal

600 102 28
                                    

꧁༒꧂

- O que deseja, Majestade? - Attor se posiciona à minha frente, olhos atentos, parecendo beber da atmosfera pesada da biblioteca.

Descobri, com o tempo, que ali também servia como uma espécie de escritório. Mapas, rotas comerciais, papéis orçamentários... a burocracia de um reinado de terror.

- Como está indo a caçada? - pergunto casualmente, deixando meus dedos correrem pelos livros à minha frente, tentando disfarçar o leve tremor nas mãos. Não posso deixar transparecer qualquer fraqueza, não diante dele.

- As nagas me contaram outro dia que a Corte Estival está sendo mais fatal em suas investidas, Era o que eu queria te informar essa semana, Mas a rainha não queria a minha presença...- Ele responde com um sorriso sombrio, os olhos brilhando com aquela mesma morbidez que sempre me dá calafrios. Ele se delicia com a dor alheia.

Ignoro seu comentário sobre mim.

- Isso é bom... - murmuro, tentando manter minha voz firme. Mas meu foco não estava nele, e sim na maneira como meus dedos insistiam em trair minha calma.

- Você acha que todos entenderam de fato a razão dessa caçada existir? - lanço a pergunta de forma despretensiosa, mas por dentro, minha mente gira em torno do que ele pode dizer. Preciso de respostas.
Com essa pergunta ele poderá me explicar o que de fato é essa caçada.

É uma jogada ardilosa que preciso que ele caia.

Se existe algo que desconheço, ele vai entregar. Preciso que ele me esclareça o que está realmente acontecendo, sem perceber o motivo real da pergunta.

Attor me olha por um momento, ponderando sua resposta com mais atenção do que o habitual.

- Acho que a caçada é justa. Para garantir que aqueles que se rebelaram uma vez não pensem em fazê-lo novamente.

- Rebelaram? - indago, controlando a minha surpresa. O que está me escapando?

- Sim, quando a Corte Diurna, Estival e Invernal quiseram desafiar seu poder. Não foi exatamente uma rebelião... afinal, vossa majestade lidou com isso antes que pudesse crescer. - O sorriso dele se alarga, os dentes afiados expostos em uma expressão de nostalgia.

- A rainha mandou Matar todos os filhos dos abençoados. Foi impecável. Me lembro como se fosse ontem quando
arranquei suas vísceras.

O terror do que ele fala me assombra, meu coração para por um segundo. O som das palavras dele é um eco grotesco no silêncio da biblioteca.

Merda. Merda. Merda.

Como eu pude esquecer disso?

Houve de fato uma quase revolta, Quando a Amarantha usou os poderes dos Grão-Senhores para os aprisionar à terra. Os senhores rebeldes tentaram pedir a ajuda dos outros territórios feéricos usando como mensageiros os humanos que fossem tolos o suficiente para entrar em nossas terras, a maioria deles jovens mulheres que nos adoravam como deuses.

Que nomeados como: Os Filhos dos Abençoados.

Mas Amarantha pegou todos antes que deixassem este litoral e matou todos.

Corte de Sombras e Lembranças | AmaranthaOnde histórias criam vida. Descubra agora