꧁༒꧂
Sinto meu pulmão puxar o ar e desperto, ofegante. O choque de estar respirando novamente me atinge como uma onda gelada. Minha visão está turva, e eu esfrego os olhos com força, tentando clarear o que vejo. Passo a mão pela cabeça, esperando sentir a dor intensa que me assolava antes, mas... nada. A dor absurda simplesmente se foi, como se nunca tivesse existido. Uma sensação de desconexão tomou conta de mim, como se eu estivesse flutuando fora do meu próprio corpo.
Tento focar meus olhos em algo, qualquer coisa que me dê alguma pista do que está acontecendo. Minhas mãos, talvez. Mas o que vejo faz meu coração disparar em meu peito. Unhas longas, afiadas como garras, pintadas de um vermelho profundo que não reconheço como meu. Pisco rapidamente, na esperança de que seja apenas um efeito da confusão ou da luz, mas a visão permanece.
Arqueio a sobrancelha, estranhando o que vejo. Minha mão cai sobre os lençóis de ébano que me envolvem. A textura é incrivelmente macia, luxuosa até, diferente de qualquer tecido que eu já tenha sentido antes. Me levanto com cuidado, mas uma tontura momentânea me faz cambalear. Respiro fundo, tentando controlar a vertigem que toma conta de mim.
O que está acontecendo?
Olho ao redor, procurando desesperadamente por alguma pista, algum sinal que explique onde estou e o que aconteceu. Mas nada faz sentido. A última coisa que lembro é o impacto, a dor, o som do vidro estilhaçando... Eu estava morrendo. E agora estou aqui, em um lugar que parece saído de um sonho — ou um pesadelo.
Meus pés tocam o chão frio, com a textura áspera da pedra. O calafrio que sobe pela minha espinha é quase palpável. Ergo a cabeça lentamente, observando as estruturas rochosas que formam o quarto ao meu redor. Está tudo escuro, mas há algo de estranho na penumbra. Dou pequenos passos à frente, hesitante, até que uma luz vermelha fraca reflete sob o que parece ser... um espelho?
Me aproximo com cautela, encarando o mármore pedregoso à minha frente. O espelho é grande, redondo, e está preso ao que parecem ser raízes que se contorcem ao seu redor, como se o segurassem ali de forma quase protetora. A visão é meio hostil, quase assustadora, como se o espelho fosse uma espécie de portal para algo que eu não deveria ver.
Vou subindo o olhar, lentamente, até perceber a camisola longa e preta que cobre meu corpo. Algo dentro de mim grita que isso não está certo. Meu corpo parece diferente, maior de alguma forma. Sinto como se estivesse presa em algo estranho, algo... não mais humano.
Ao encarar meu reflexo, minha respiração falha. Um emaranhado de fios ruivos avermelhados cai sobre meus ombros, uma cor que nunca tive. Meus olhos castanhos, agora quase negros, me encaram de volta, cheios de uma profundidade que não reconheço.
Algo sombrio, perverso se esconde por trás deles. O que me assusta um pouco, formando uma aparecia felina. Algo humanamente impossível pra mim, Stella.
"Que merda é essa?" As palavras escapam dos meus lábios em um sussurro desesperado.
De repente, um farfalhar interrompe meus pensamentos. O som ecoa atrás de mim, e algo passa rapidamente pelo espelho, uma sombra fugaz que mal consigo distinguir. Viro-me bruscamente, tentando localizar a origem do som, meu coração batendo descontrolado.
Há uma cama ali, enorme, quase opressiva em seu tamanho. É grande o suficiente para três de mim. Ou talvez... três de quem eu era antes?
Cada detalhe deste lugar grita poder, domínio, algo que não deveria existir no mundo real. E ainda assim, aqui estou, cercada por essa estranha opulência, presa em um corpo que não reconheço.
Só pode ser um sonho.
Algo começa a surgir das sombras, como se estivesse ali na cama comigo antes de eu acordar. Mas, por algum motivo, não percebi nada antes. Ouço os passos se aproximando, suaves, quase imperceptíveis, mas de alguma forma, meus sentidos captam cada detalhe. O que mudou? Por que estou tão sensível a isso?
Meu coração dispara, batendo tão forte que posso sentir o pulso martelando contra o meu cérebro. A tensão cresce dentro de mim, e inclino a cabeça para cima, tentando reconhecer a figura que se aproxima.
Quando ele surge, é como se a noite estrelada tivesse tomado forma humana, e seu brilho profundo fosse capaz de iluminar as sombras mais escuras do meu ser.
Sua presença é majestosa, dominadora, e, ao mesmo tempo, cativante de um jeito que me desarma. O homem diante de mim é a personificação da beleza. Ele é o ser mais lindo que já vi na vida.
Seus olhos violetas, intensos e penetrantes, me encaram semicerrados, como se ele estivesse tentando desvendar por que me levantei da cama. Há algo nesses olhos que me assusta e conforta ao mesmo tempo, um mistério que parece chamar por mim.
Ele dá mais um passo à frente, e eu suspiro profundamente, tentando controlar a onda de emoções que me inunda. O medo e a fascinação se misturam, e um pensamento impossível cruza minha mente: Não pode ser...
Ele está tão próximo agora que sinto sua respiração quente na minha bochecha, seu olhar intenso vasculhando cada pedaço de mim, analisando, como se estivesse à procura de algo.
De repente, sua voz profunda e áspera corta o ar, chamando por um nome que nunca pensei ouvir sair daqueles lábios.
- Amarantha?
O choque daquela palavra, daquele nome me atinge como um soco no estômago. Dou um passo para trás, assustada, mas meu pé se enrola na barra da camisola que arrasta no chão. Perco o equilíbrio e caio sentada no chão frio, olhando para cima. A posição me deixa ainda mais intimidada, como se ele estivesse me empurrando para trás com seu olhar imponente.
Não, não pode ser verdade. Só posso estar sonhando.
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.ESTRELINHAS FINALMENTE REENCARNAMOS !
Estou muito ansiosa com o enredo daqui pra frente, espero muito que vocês gostem.
O que estão achando até agora, me contem tudo, vamos fofocar.
xoxo 💋
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Corte de Sombras e Lembranças | Amarantha
Fantasy𝘐𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘢 𝘢𝘤𝘰𝘳𝘥𝘢𝘳 𝘦𝘮 𝘴𝘦𝘶 𝘭𝘪𝘷𝘳𝘰 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳𝘪𝘵𝘰, 𝘮𝘢𝘴 𝘦𝘮 𝘷𝘦𝘻 𝘥𝘢 𝘩𝘦𝘳𝘰í𝘯𝘢, 𝘷𝘰𝘤ê 𝘴𝘦 𝘵𝘰𝘳𝘯𝘢 𝘢 𝘷𝘪𝘭ã 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘵𝘦𝘮𝘪𝘥𝘢 𝘥𝘦 𝘵𝘰𝘥𝘢𝘴. 𝘈𝘨𝘰𝘳𝘢, 𝘢𝘰 𝘢𝘣𝘳𝘪𝘳 𝘰𝘴 𝘰𝘭𝘩𝘰𝘴, 𝘦𝘴𝘵𝘰𝘶 𝘥𝘰𝘪𝘴...