Capítulo 39: Nexorum

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Devo ter dormido por umas três horas no chão frio do banheiro, porque quando acordei, já era noite. A janela, antes manchada de sangue, agora estava limpa. Trabalho de Lythia, sem dúvidas.

Me arrasto até a cama e me sento, encarando a minha mão por horas, o anel cintilando sob a luz fraca. Meus pensamentos tentam se organizar, buscando algum próximo passo, mas meu coração está preso, lamentando pela mulher das flores.

Meu estômago ronca. Provavelmente já faz mais de 24 horas desde a última vez que comi, mas nada parece capaz de descer pela minha garganta agora.

A fome é sufocada pela culpa.

Se eu estivesse no meu mundo agora, estaria deitada no sofá, provavelmente lendo um livro ou maratonando uma série, com Baji ao meu lado e um prato de brigadeiro que desapareceria em menos de uma hora.

Eu daria qualquer coisa por um brigadeiro agora. Mas, pensando bem, será que cacau sequer existe nesse mundo?

Já que dormir parece impossível, talvez seja a hora de finalmente dar uma olhada no grimório. Pode haver feitiços interessantes ali, algo que possa me distrair ou... ajudar.

Me levanto da cama, indo até a rocha onde escondi os livros mais cedo. Coloco as mãos sobre ela e penso na mulher das flores. Sinto a magia fluir de mim, e a rocha se abre suavemente.

Pego os dois livros e volto para a cama, abrindo o caderno menor de capa marrom.

Uma foto cai dele. Não, não é uma foto, mas um desenho tão realista que poderia ser. Eu a seguro, analisando os traços detalhados da garota ali retratada.

Viro a imagem e, na parte de trás, há um nome escrito.

— Clythia... — sussurro, sentindo um calafrio quando o anel no meu dedo parece responder ao nome, emitindo um leve brilho, como se também reconhecesse.

Quando meus olhos voltam para o desenho da garota, começo a notar os traços familiares. A semelhança entre nós é impossível de ignorar.

Minha irmã?

— Ela é tão... bonita — murmuro, o peito apertando com a incerteza.

Quem era Clythia? E por que sinto que há uma conexão entre nós, algo mais profundo do que um simples retrato esquecido entre as páginas de um caderno qualquer?

Sinto um pesar cair sobre mim, uma dor em vê-la. Talvez o vazio que a Amarantha sentiu por perdê-la, ainda assole meu coração.

Seus cabelos são de um ruivo avermelhado como os meus, a pele tão pálida quanto a minha, mas os olhos... os olhos são de um azul intenso. Não sei se ela os herdou de nosso pai ou de nossa mãe. Afinal, eu não sei nada sobre a nossa família.

Corte de Sombras e Lembranças | AmaranthaOnde histórias criam vida. Descubra agora