꧁༒꧂
A escuridão engole o espaço à medida que entro, e apenas as nossas luzes oscilantes conseguem romper a penumbra sufocante.
Mesmo com minha visão aguçada, quase não consigo distinguir nada além de sombras ao nosso redor.
O chão de terra seca cede sob meus pés, espalhando uma fina camada de poeira que sobe em nuvens silenciosas. Olho para trás, verificando os dois machos que me acompanham. Andras mantém sua posição como o segundo da fila, enquanto Rhysand, toma o final.
Me pergunto se por ele ter afinidade com as sombras, consegue ver tudo o que a dentro delas.
Vejo que Andras enfrenta o mesmo desafio que eu; sua lamparina oscila, e ele a ergue ainda mais, tentando iluminar o caminho que parece interminável à nossa frente.
Me aproximo da parede ao meu lado, tocando sua superfície áspera. É feita da mesma terra seca, quase como argila antiga sem vida.
O toque deixa uma leve marca na minha luva, da terra se desfazendo.
Conforme avançamos, o caminho começa a se estreitar, forçando-nos a andar mais próximos. A cada passo, sinto o ar se tornar mais espesso, pesado, como se a própria terra ao redor nos oprimisse.
Minha respiração se torna mais curta, o peito comprimido pelo peso crescente das profundezas.
Que tipo de inferno essa mulher projetou? É inteligente e impiedoso ao mesmo tempo.
Vejo um caminho à frente, ainda estreito, com pequenas passagens que levam a algum outro lugar.
Apresso meu passo, a curiosidade misturada ao desconforto, até que uma bifurcação surge à minha frente. A luz que seguro ilumina o espaço precariamente, revelando algo à direita — ferros, grossos e oxidados, como os de um portão antigo que passei.
De repente, um rosto surge das sombras, gritando, com uma voz rouca e desesperada:
— COMIDA! COMIDA! COMIDA!
Dou um salto para trás, meu coração disparando ao mesmo tempo em que solto um grito baixo involuntário. A lamparina escapa dos meus dedos e cai no chão, a chama se extinguindo com um som abafado.
— Jesus Cristo. — Sussuro.
Andras solta um grunhido, misto de raiva e susto — posso imaginar seu coração tão descontrolado quanto o meu.
Ajoelho-me rapidamente, tentando localizar a lamparina caída. Meus dedos tremem quando a alcanço, e, com cuidado, retiro a vela apagada de dentro, o cheiro de cera queimada se misturando ao cheiro úmido da terra.
— Andras... preciso da sua vela.
Ele abre a lamparina com um movimento rápido e eu aproximo ambas as velas, encostando uma na outra até que a minha finalmente se acenda de novo. Recoloco-a no lugar, a luz tremeluzindo no ambiente escuro.
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Corte de Sombras e Lembranças | Amarantha
Fantasy𝘐𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘢 𝘢𝘤𝘰𝘳𝘥𝘢𝘳 𝘦𝘮 𝘴𝘦𝘶 𝘭𝘪𝘷𝘳𝘰 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳𝘪𝘵𝘰, 𝘮𝘢𝘴 𝘦𝘮 𝘷𝘦𝘻 𝘥𝘢 𝘩𝘦𝘳𝘰í𝘯𝘢, 𝘷𝘰𝘤ê 𝘴𝘦 𝘵𝘰𝘳𝘯𝘢 𝘢 𝘷𝘪𝘭ã 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘵𝘦𝘮𝘪𝘥𝘢 𝘥𝘦 𝘵𝘰𝘥𝘢𝘴. 𝘈𝘨𝘰𝘳𝘢, 𝘢𝘰 𝘢𝘣𝘳𝘪𝘳 𝘰𝘴 𝘰𝘭𝘩𝘰𝘴, 𝘦𝘴𝘵𝘰𝘶 𝘥𝘰𝘪𝘴...