Capítulo 17: Brinquedo

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Não sei como consegui comer, mas me forcei a isso. Estava mais de um dia sem me alimentar, e toda essa montanha-russa de emoções havia tirado meu apetite.

Também não faço ideia de como consegui chegar até a banheira ou até o "closet" para pegar uma camisola qualquer.

"Qualquer" é uma palavra patética, considerando que a camisola é revestida de renda e pequenas pedras que, com toda a certeza, são verdadeiras.

Amarantha por mais cruel que ela seja, ainda assim, sabe escolher roupas bonitas.

E agora sobre aquele livro de feitiços e o caderninho, eu não quero lidar com o que está atrás da parede agora.

Jogo-me na cama e encaro o teto rochoso até o sono me vencer.

Estou correndo. Não sei de quê, mas conheço o lugar. É o trajeto que sempre faço do trabalho pra casa,casa... ? Corro tão rápido que mal acredito ser possível. Meu coração dispara enquanto olho para trás, tentando ver o que me persegue.

É Amarantha.

Abro os olhos num sobressalto, meu coração ainda acelerado. A primeira coisa que vejo ao acordar me faz congelar.

Rhysand.

Ele está deitado ao meu lado, dormindo. Sento-me rapidamente, meus olhos se arregalando enquanto verifico se ele está realmente ali. Ele está apenas com uma calça preta, e seu peitoral está parcialmente coberto, já que ele dorme de bruços, com o rosto virado para mim.

Por que ele está aqui? Que inferno.

Respiro fundo, tentando acalmar meu coração, e deito a cabeça no travesseiro novamente. Meus olhos percorrem seu rosto adormecido. Ele é tão bonito... tão sereno assim.

Nem parece que é o Grão-senhor mais forte de Prythian.

Será que todos os Grão-senhores são lindos assim? Quero conhecê-los.

Na verdade, Será que todas as criaturas aqui são ainda mais belas do que nas fanarts que eu já vi? É possível que sejam ainda mais deslumbrantes... ou tenebrosas ?

Preciso saber se o que Feyre afirmou sobre ele ser o mais lindo de todos é real.

Até agora, não duvido nada. Mas se ele é assim, imagine o trio completo? Cassian, Azriel.

O pensamento me arranca um sorriso. Eu realmente queria conhecer o Círculo Íntimo. Mas se Mor falasse comigo, com certeza toda a verdade seria revelada.

Afinal, a querida tem esse dom, o dom da "verdade".

Sinto os olhos dele em mim repentinamente e me assusto. Viro-me rapidamente para o outro lado, fingindo que não estava encarando e muito menos sorrindo.

Maldito. Acordou bem na hora.

- É feio encarar alguém dormindo. - Ele fala quase como um sussurro.

- É só me chamar que eu sou... - Ele diz, como se não quisesse completar - todo seu.

Ele ronrona no meu ouvido, e meu corpo estremece com aquelas palavras nojentas.

Não, você não é meu. Eu não vou seguir com essa coisa macabra do abuso. Está tudo acabado, você está livre de mim.

Minha pele se arrepia, e não sei se é pelas palavras asquerosas ou pelo toque suave da mão dele nas minhas costas.

Que me faz pular da cama, olhando-o assustada com o toque, que ainda queima em minhas costas.

- O que você está fazendo aqui?

Ele me olha com uma falsa confusão, que cai bem sobre ele.

- Você me pede para visitá-la todas as noites, então eu estou aqui todas as noites.

Ele diz isso com uma confiança impressionante. Ele é tão falso quanto eu, usando uma máscara também. Sua atuação é impecável.

Sorrio, forçando frieza na voz.

- Essa ordem será revogada. Eu...

Vacilo, mas continuo firme.

- Não preciso de um brinquedo como você todos os dias na minha cama.

Rhysand ergue uma sobrancelha, o sorriso malicioso nunca deixando seus lábios.

- Um brinquedo, é? - Ele sussurra, deslizando da cama com a graça felina de um predador. - Se é disso que quer me chamar, posso entrar no jogo.

Meu coração bate forte no peito, mas não posso demonstrar fraqueza. Não agora.

- Não tem jogo, mesmo que tivesse, você não pode jogar, Rhysand - digo, tentando soar desdenhosa. - Lembre-se, que a qualquer momento eu posso decidir que você já não me diverte mais.

Ele me encara, o olhar afiado como uma lâmina. Por um instante, o ambiente parece congelar, como se toda a tensão entre nós estivesse prestes a explodir.

- Pode tentar, Amarantha - ele finalmente responde, o tom desafiador, como se fosse um convite. - Mas não se esqueça... brinquedos podem ser perigosos nas mãos erradas.

Engulo em seco, lutando para manter a compostura. Por que ele está me enfrentando ? esse é o joguinho sádico que eles tem, provocações ?

- Saia. - Minha voz soa fria, mesmo que por dentro eu sinta uma tempestade se formando.

Eu não quero tratá-lo ele assim, muito menos o chamar de coisas ruins. Mas eu não vejo outro jeito de mantê-lo longe de mim. Pelo menos nesse momento, eu preciso juntar as peças e saber o que fazer daqui pra frente.

Ele se afasta, mas não antes de lançar um último olhar carregado de rancor. Um olhar que promete que isso está longe de terminar.

Quando a porta se fecha atrás dele, finalmente solto a respiração que nem percebi estar segurando. Minha mente ainda está corrida, tentando processar tudo. A realidade dessa nova vida está sempre me testando, sempre me forçando a agir como algo que não sou.

Mas, por mais difícil que seja, preciso me lembrar: Stella se foi. Agora sou a Grã-Rainha de Prythian. Agora, sou Amarantha.

É como dizem, diga até você se tornar.

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Oi, Constelações.
Obrigada por lerem mais um capítulo!

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-Com amor, Autora.

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