Capítulo 33: Corte Primaveril

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꧁༒꧂

Horas de trajeto não me fazem pregar os olhos. O sol já estava se pondo, e o caminho à frente começa a ser iluminado pela luz tênue da manhã.

A paisagem muda conforme avançamos, a vegetação gélida começando a aparecer ao nosso redor. Passamos correndo por uma ponte que atravessa a Corte Invernal. Não há muito o que ver além de uma vasta extensão de neve branca que parece infinita.

Assim como na divisa entre a Corte Outonal e a Corte Estival, um caminho que também nos leva à Corte Primaveril. Não há nada de particularmente notável nesse trecho, pelo menos não por enquanto.

Não consigo ver a beleza desses reinos apenas observando as estradas; então ainda não posso descrever com precisão os detalhes descrito nos livros, mas confesso que estou ansiosa pra conhecer tudo.

A cada quilômetro percorrido, me sinto um pouco mais distante daquilo que conhecia, ficar na montanha é uma coisa, Já estou particularmente "acostumada" com tudo lá, e agora conhecendo outra corte, outro povo... Me dá medo.

Durante a madrugada, meus olhos permanecem fixos na floresta que nos cercava, em busca de algum vestígio de movimento, de alguma presença oculta.

Mas não há nada. É como se qualquer criatura que habitasse essa floresta evitasse se aproximar de nós.

Rhysand, por sua vez, não me perguntou mais nada. Algumas horas depois, ele fechou os olhos e se encostou contra a janela, buscando algum descanso.

Seu rosto calmo me chama a atenção. Sem perceber, passo horas o observando, tentando assimilar que tudo isso realmente está acontecendo.

Como posso estar ao lado dele, Rhysand, o Grão-Senhor que tantas vezes admirei nos livros?

Só me dou conta de que o estou encarando demais quando ele se remexe, quase me pegando no flagra. Meu coração dispara, e desvio o olhar rapidamente, constrangida.

Que estranho seria se ele me flagrasse, afinal.

Mas há algo nele, algo que só de olhar me faz sentir... confortável. Segura, até.

Sou uma tola por pensar assim, não sou?

A carruagem começa a me deixar enjoada, a constante oscilação me incomodando. Pela noite, chamei o cocheiro e pedi para que acelerasse o ritmo.

Ele obedeceu, e logo senti a mudança na velocidade, o vento mais forte contra as janelas. Agradeci silenciosamente ao cavalo que chamam de bravo por correr mais rápido para agradar sua "rainha".

Mas está ai a explicação para o estômago querer jogar tudo pra fora.

Porém Graças à mudança de ritmo, chegamos antes do previsto. Mais cedo do que eu esperava.

- Rhysand... - chamo por ele uma única vez, e isso basta para que ele erga a cabeça, passando a mão sobre os olhos, agora iluminados pela luz que entra forte pela janela.

Será que ele estava realmente dormindo?

- Sim? - Sua voz sai um pouco mais baixa do que o habitual.

- Acho que estamos chegamos. - Sinto minha própria voz tremular levemente, e logo mordo o lábio, tentando me recompor.

Ele olha pela janela, talvez reconhecendo o caminho, os olhos ainda semicerrados pelo sono ou pelo brilho da luz, e murmura:

- Estamos.

Minha perna começa a balançar instantaneamente, um reflexo da ansiedade que não pertence a Amarantha.

E sim a mim, Stella.

Corte de Sombras e Lembranças | AmaranthaOnde histórias criam vida. Descubra agora