Depois do banho, eu estava prestes a sair do quarto quando meu celular apitou. Eu apalpei os bolsos, que estavam vazios, e então peguei o aparelho debaixo do travesseiro. Havia duas mensagens, uma de Nicky, enviada havia quase uma hora, e a mais recente era de Katelyn. Era apenas uma pergunta desesperada, “O que aconteceu???”, e eu não me dei ao trabalho de responder.
A de Nicky era um aviso de que Andrew havia retornado. Parecia redundante, pois se Wymack levara comida para eles, parecia óbvio que Andrew estava junto. Mas conhecendo Nicky, soube que era um pedido velado para que fosse até lá se certificar de que estava tudo bem. Eu enfiei o celular no bolso de trás antes de ir até minha bolsa, pegando o talão de cheque que estava ali, preenchendo as partes vazias e colocando um valor que eu pensei ser o suficiente para o conserto do carro antes de sair do quarto sem dizer nada a ninguém. Nicky atendeu à batida em segundos e não precisou perguntar por que eu estava ali.
— Ele pegou uma garrafa e saiu de novo. Não sei pra onde foi — revelou Nicky.
Andrew não poderia ter ido longe com uma garrafa de bebida aberta e sem o carro.
— Com o treinador?
— Acho que não. Aaron também saiu, logo depois de você.
Eu não me importava com o que Aaron fazia. Eu assenti e sai. Nicky não me chamou. Eu subi as escadas até o telhado e forcei a maçaneta como vi Andrew fazer. Só precisei de algumas tentativas até abri-la, sair no telhado e sentir o vento forte.
Dessa vez, Andrew estava sentado na parte mais afastada. A garrafa de vodca apoiada em seu joelho parecia vazia, mas a luz do sol refletiu parte do líquido enquanto eu me aproximava. Ao chegar perto da beirada, eu tentei acalmar as batidas que meu coração dava por puro instinto e me sentei fora do alcance de Andrew. Olhei para o estacionamento detonado. Ainda havia uns doze carros, mas uma equipe já havia começado a limpar o asfalto. A polícia foi embora e os seguranças do campus foram encarregados da supervisão; a imprensa havia desaparecido.
Andrew jogou um maço de cigarros para mim.
— Me dá um bom motivo para não empurrar você.
Eu balancei um cigarro e o acendi.
— Eu levaria você junto. É um longo caminho até lá embaixo.
— Eu odeio você — disse Andrew, mas era difícil acreditar nele quando parecia tão entediado com a ideia. O rapaz tomou um gole da vodka e limpou a boca com o polegar. Quando olhou para mim, parecia ao mesmo tempo indiferente e despreocupado. — Noventa por cento das vezes, sinto vontade de cometer um assassinato só de olhar pra você. Penso em arrancar sua pele e deixá-la pendurada como alerta pra qualquer outro idiota que achar que pode entrar no meu caminho.
— E os outros dez por cento de vezes? — perguntei.
Andrew me ignorou.
— Eu avisei pra não colocar uma coleira em mim.
— não penso que foi isso que aconteceu, Andrew. Foi você mesmo quem fez isso quando me pediu para ficar, quando me pediu para ser Neil Josten. Você não pode ficar bravo porque tive coragem de puxar ela.
— Se puxar de novo, eu mato você.
— Talvez você faça isso quando o ano acabar, mas agora não dá pra fazer muita coisa a respeito, então não desperdice nosso tempo com ameaças.
— Não acho que foi pelo dinheiro — comentou Andrew. Quando viu o meu olhar questionador, continuou: — Que você deseja ficar com seu irmão. Você parece estar cansado dessa vida, exy parece que é a única coisa que te faz ser alguém nessa sua vida triste. Você quer ficar, o que te impede?
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Mentirosa Raposa - Andriel
FanfictionApós ser abandonado por sua mãe em um acidente de carro, os Moriyama resgatam Neil e o transformam em um assassino e espião de elite, este que servia a Ichiro fielmente. Ao descobrir os planos de Kengo contra o próprio filho herdeiro e o "acidente"...