Capítulo 9 - Vida humana

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- Pronto! Aqui é seu lugar, está reservado pra você. Se precisar de qualquer coisa me liga... aaaahhh.. está com fome? - perguntou a senhora.

Grrrwweeeewwww
Meu estômago respondeu por mim, eu senti minhas bochechas corando.
- Oh meu bem não se envergonhe, você deve ter passado por poucas e boas, sentir fome é o menor de seus problemas, tome um banho e descanse, em instantes vou trazer comida.

Ela era uma senhora legal e amigável, me lembrava muito Marcele, que saudades dela, fugi sem lhe falar nada, nem me despedi, mas não poderia arriscar a sua vida e nem a minha oportunidade.
***

Eu nunca mais tinha dormido tão bem, pela manhã, saí bem cedo, comprei naftalina para disfarçar o meu cheiro, cada dia que se passava eu estava mais próxima de conhecer minha loba e isso me deixava cada dia mais atrativa para lobos famintos, o que eu pudesse fazer para confundir, eu faria.

Fui muito bem atendida pelo farmacêutico, sai de lá direto para pra meu verdadeiro destino, FACULDADE e EMPREGO.
Minha mãe deixou no envelope endereços e contatos de pessoas que me ajudariam nessa nova empreitada.
Me inscrevi no de administração, não sabia exatamente do que se tratava, mas pelo nome parecia ser algo importante, na matilha nossas escolas são como as humanas mas as matérias são construídas a partir da necessidade de cada matilha, por isso os alfas e betas têm que viajar e estudar para saber de tudo e dominar cada conhecimento.

O emprego foi mais difícil, entreguei um papel no qual minha mãe tinha deixado no envelope a uma recepcionista carrancuda, ela me olhou de cima a baixo por cima dos óculos vermelhos estilo gatinho, disse que iriam me ligar, fiquei sem saber o que era para fazer depois disso. Ainda confusa me deparei com uma loja de roupas perto dali, percebi o quão maltrapilha eu estava, isso não me ajudaria a conseguir nada de bom.

Entrei na butique e percebi caras tortas, isso me enfureceu, quem aquelas magrelas achavam que eu era pra me olhar assim, mas apareceu alguém pra me ajudar.
- Olá, me chamo Thomás e serei seu ajudante de hoje!
Nossa como ele era bonitinho, tão educado, seus cabelinhos loiros ondulados em um perfeito "undercut", e seu cheiro era tão bom pra um humano, me fez até esquecer as outras vendedoras.

- Obrigada, quero trocar essas roupas velhas, por roupas adequadas para andar pelas ruas.
Ele deu um leve sorriso e pediu pra eu o seguir.
- Tem preferência por algo, cor, modelagem? - me indicando um vestido azul marinho em um estilo bem mocinha.
- Algo bem feminino sem parecer vulgar. Sobre cores... uhm.. não sei.. o que vc acha que vai bem em mim?
Ele me analisou, tocou em meu cabelo e falou que eu ficaria bem em cores frias. E correu atrás de conjuntos e vestidos.
Era incrível como ele acertou em cheio, cada peça caiu muito bem em mim, como se tivesse sido feita sob medida, os olhares antes tortos se tornaram olhar de curiosidade, principalmente quando eu falei que levaria tudo que tinha experimentado.

Paguei minhas roupas, e Thomás me levou até a porta segurando minhas sacolas.
- Pegue! - entregou me um cartão - Se precisar de qualquer coisa, é só me ligar, se quiser conversar também eu saiu daqui às 17h.
- Obrigada, eu ligo! - sai com um sorriso envergonhado no rosto. Eu estava me sentindo diferente de tudo que eu já fui um dia.

Herdeira proibida - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora