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Observando o céu tranquilo da varanda de casa, solto um suspiro, sabendo que o grande dia que mudaria minha vida se aproxima

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Observando o céu tranquilo da varanda de casa, solto um suspiro, sabendo que o grande dia que mudaria minha vida se aproxima. Era difícil aceitar; contudo, já sentia que estava acostumada, já que esse era meu destino desde o nascimento. Um dia antes de completar meus 18 anos, viajaria para a Grécia, onde aconteceria meu casamento.

Talvez eu me conformasse mais se já não tivesse alguém na minha vida... Não exatamente na minha vida, e sim em meus pensamentos.

Ele.

O misterioso homem de boné que às vezes observava as estrelas comigo.

Lembro-me perfeitamente de quando tinha 15 anos; essa foi a primeira vez que o vi. Estava na entrada do internato, na Suíça, com meu telescópio, como de costume, e na escuridão da noite ele apareceu. A princípio, fiquei com medo, ainda mais por ser quem eu sou; aprendi que não posso confiar em ninguém. No entanto, por algum motivo, sentia confiança naquele estranho.

O que era loucura, porque eu não o conhecia.

E da mesma maneira que ele apareceu, silenciosamente desapareceu, e não o vi, exceto quando completei 17 anos; lá estava ele novamente.

— Sabia que iria lhe encontrar aqui. — Me arrepio sempre que me lembro de sua voz, que era rouca na mesma medida em que era grave.

Ele sempre aparecia na caída da noite, usando boné e roupas com cores escuras, o que dificultava reconhecê-lo.

Sempre sentia que nunca estava sozinha; era como se uma força invisível estivesse de olho, e quando completei 17 anos, isso se tornava cada vez mais constante.

Algo que também se tornou frequente foi a presença do desconhecido. Ele passou a vir nos dias seguintes à noite, sabendo que me encontraria. Às vezes, ele sumia por um tempo e demorava a aparecer; era como se morasse em outro planeta ou em outro país.

Era o que eu pensava.

E, depois de um tempo, ele retornava novamente e, com isso, criamos algum tipo de amizade, se é que podemos chamar assim. Eu ansiava por sua chegada e, às vezes, saía com o pretexto de observar as estrelas, somente para vê-lo. Quando ele não aparecia, eu ficava imensamente decepcionada.

Então, percebi que estava apaixonada por um desconhecido misterioso que aparentava ser muito mais velho que eu.

Era loucura, eu sei.

Mas ele seguia sendo minha grande paixão de adolescente.

Lembro-me de uma das nossas conversas, quando confessei alguns dos meus gostos, e no dia seguinte ele apareceu com meu sorvete preferido: de creme com caramelo. Com isso, passamos horas conversando; ele me ouvia atentamente e apreciava as estrelas comigo.

Esses encontros se tornaram uma rotina para mim. Eu passava as aulas inteiras louca para vê-lo. Os dias se passavam e o mistério que envolvia seu nome e seu rosto era uma incógnita para mim. Quanto mais nós nos encontrávamos, mais curiosa eu ficava.

Feita para o mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora