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Dias depois

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Dias depois

Entro na cozinha chamando a atenção de Filo, que me olha com uma cara de repressão. Ela caminha ao meu encontro e eu puxo uma banqueta onde me sento.

Desde a gravidez de Violetta, tenho evitado me encontrar com Filo, porque ela seria outra que me olharia com decepção e ainda iria me repreender.

— Você quer me matar do coração, garoto! Por que anda sumido? — Filo se senta ao meu lado e eu suspiro, olhando para ela.

— Me faltava coragem para encarar meus problemas.

— Um filho não é problema, Apollo! — dispara com um tom rude, me calando.

— Me referia a toda a situação — bufa, soltando um riso nasal.

— E o que pretende fazer? — Ela pergunta — por que não acompanhou sua esposa nos exames? — Não respondo. Violetta fez um exame de sangue para dar prosseguimento ao pré-natal. Lembro-me da sua afeição de decepção ao me ouvir dizer que não iria quando ela me pediu para acompanhá-la. — Sabe de todos, você sempre foi o mais esperto e maduro, mas agora tá mais para um burro empacado. — Sutilmente, arqueio minhas sobrancelhas, fitando Filo incrédulo pela comparação da minha pessoa com um burro.

Talvez ela esteja certa.

— Olha, Apollo, agindo desta maneira, vai afastar Violetta de você. Irá perdê-la, assim como seu filho. — Escuto tudo calado; era como se a verdade doesse dentro de mim. — Acha que se sua mãe estivesse aqui, se orgulharia do que está fazendo, rejeitando seu filho?

Tenho consciência de que fui babaca com Violetta, mas porra, estou com medo. Estou apavorado; meu maior medo havia se tornado realidade e eu não sabia como encarar ou reagir. Simplesmente falei o que eu sempre havia colocado em minha cabeça:

Nunca teria filhos.

Mas agora teria.

— Estou fazendo tudo errado, não é? — Filo assentiu com um meio sorriso.

— Está. — concorda. — o certo a ser feito é você superar seu medo. Um filho é uma bênção e, se você continuar agindo assim, pode ser que lá na frente seja tarde demais para reparar seu erro.

— Eu sou um idiota covarde — levei a mão em meu rosto, deslizando os cabelos para trás. — Tenho medo de um bebê indefeso — sorri sem humor, pensando nas palavras de Filomena.

— Você não é covarde, Apollo; só está com medo, e isso é compreensível... até certo ponto. Mas rejeitar seu filho não é a solução. Você gostaria que ele crescesse sem um pai? Gostaria de vê-lo crescer sem você? Essa é a hora para você ser o pai que o seu não foi, nem para você, muito menos para Anastasia.

— Você está certa, Filo. Não posso desistir sem tentar. Não posso desistir por medos bobos. Não posso perdê-los. — Retribuo o abraço de Filo, que logo me olha com ânimo.

Feita para o mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora