Desejo Mortal - Vinnie Hacker

53.

Madelyn Lewis

Acordei com os primeiros raios de sol invadindo meu quarto, filtrados pelas cortinas pesadas que dançavam suavemente com a brisa da manhã. Ainda deitada, encarei o teto por alguns segundos, tentando ignorar a sensação incômoda que pesava no peito. Era como um peso que não saía... uma culpa silenciosa que insistia em me acompanhar.

Fechei os olhos e suspirei fundo.

Vinnie.

Mesmo com ele longe para sempre, o nome dele ainda queimava dentro de mim. Ainda ecoava na minha pele, na minha memória, nos meus sonhos. E agora, mais do que nunca, ele parecia me observar de longe, como se soubesse. Como se tivesse sentido.

A noite passada com Noah passou como um filme na minha mente. O jantar, as risadas, o beijo...

Aquele beijo.

Me senti traindo o amor da minha vida. Por mais que tentasse me convencer de que Vinnie tinha ido, de que ele me deixou, de que esta morto... meu coração ainda era dele. Inteiramente. E isso... isso me destruía.

Mas eu precisava seguir. Em todos os sentidos. Minha vida profissional, meu império, minhas escolhas amorosas também. Era isso que ele queria, certo? Que eu fosse forte, que continuasse, que brilhasse. E mesmo assim, me sentia em pedaços.

Balancei a cabeça, me sentando na cama. Levantei, caminhando até o closet para começar a me arrumar. Prendi o cabelo em um coque alto e elegante, passei uma maquiagem leve, o suficiente para esconder as olheiras que pareciam querer gritar meus sentimentos. Coloquei uma blusa de cetim vinho com calça de alfaiataria preta e finalizei com um salto fino. Um look sóbrio, forte. Como eu deveria me sentir.

Enquanto passava um perfume atrás das orelhas, escutei três batidas suaves na porta.

- Pode entrar - falei, ajeitando os brincos.

Meu pai entrou com um pequeno maço de cartas nas mãos. Elegante como sempre, mas com aquele ar mais leve que ele sempre carregava quando queria conversar comigo sem os negócios no meio.

- Filha, acho que essas aqui são pra você - disse, estendendo as cartas.

Peguei as correspondências e sorri de leve.

- Obrigada, pai.

Ele hesitou por um segundo na porta.

- Desce... vamos tomar café juntos hoje. Hoje é um grande dia, a Helena virá aqui. - Ele sorriu, aquele sorriso de quem tentava manter tudo no lugar.

- Já vou descer - garanti.

Ele assentiu e saiu, fechando a porta atrás de si.

Fiquei em silêncio por um momento, observando o pequeno bolo de cartas em minhas mãos. A maioria tinha o selo das empresas, contratos e notificações. Nada fora do comum. Mas, entre todas, uma chamou minha atenção.

Era preta. Sem remetente. Sem nenhum símbolo. Apenas uma caligrafia elegante, prateada, no centro do envelope:

"Para Madelyn."

Engoli seco.

Sentei na beirada da cama e, com dedos cuidadosos, rompi o selo. Dentro, havia apenas uma folha, também preta, com letras brancas que pareciam quase impressas... mas havia algo pessoal demais naquele tom.