Desejo Mortal - Vinnie Hacker

44.

Vinnie Hacker

As palavras estavam presas na minha garganta enquanto John me olhava. Ele tinha aquele mesmo olhar que sempre teve, firme, mas acolhedor. Era como se ele soubesse exatamente o que eu ia dizer antes de eu abrir a boca.

Madelyn havia subido para o quarto após John pedir para ficarmos a sós, e agora, com o silêncio da casa, eu finalmente podia deixar tudo sair.

- Eu não a protegi, John. - Minha voz falhou, e as palavras saíram baixas, quase como um sussurro. - Não cumpri minha promessa.

Senti o peso das lágrimas correndo pelo meu rosto antes de conseguir me controlar. Ele me observava em silêncio, sem me interromper, e isso só tornava tudo ainda mais difícil.

- Eu deveria ter feito mais. Jackson... ele... ele quase destruiu tudo. Ela passou por coisas que eu podia ter impedido.

John balançou a cabeça, com um pequeno suspiro.

- Vinnie, você foi ótimo. Não se culpe. - Ele disse com firmeza.

- Como não, John? - A revolta na minha voz era impossível de conter. - Eu não estava lá quando ela mais precisava. Eu fiquei longe. Eu falhei com ela.

- E onde ela está agora? - Ele perguntou, a voz calma, mas cheia de convicção.

Fiquei em silêncio por um momento, minhas mãos tremendo de leve enquanto as palavras dele começavam a fazer sentido.

- Ela está viva. - Ele continuou. - Está segura. Está aqui com você, comigo. E isso é por sua causa, Vinnie. Você fez o que pôde, e foi suficiente.

Eu não conseguia concordar, mas também não conseguia discordar.

- Não foi fácil sem você aqui. - Finalmente admiti, minha voz soando mais vulnerável do que eu gostaria. - A máfia, a responsabilidade, a pressão... tudo isso junto me quebrou, John. Depressão, ansiedade... houve dias em que eu não achava que ia conseguir levantar da cama.

Ele me observava atentamente, o mesmo olhar calmo e protetor de sempre.

- E ainda assim, você levantou. - Ele disse simplesmente.

Engoli em seco, desviando o olhar por um instante antes de continuar.

- Foi tão difícil que eu não tive forças para ir atrás dela quando ela mais precisava de mim. Mas eu estive lá, de longe. Eu sempre estive observando, protegendo de onde eu podia.

- E foi o que você deveria ter feito. - Ele afirmou, a voz gentil mas firme. - Você não teria conseguido salvá-la se tivesse ido de peito aberto. Você sabia disso, e por isso agiu do jeito certo.

Respirei fundo, tentando absorver aquelas palavras.

- Tudo o que você fez deu certo, Vinnie. - Ele continuou. - Porque agora estamos aqui. Todos juntos. Vivos. Isso é o que importa.

As lágrimas continuavam caindo, mas agora havia algo mais junto delas. Alívio.

- Obrigado, John. - Sussurrei, sentindo um peso enorme ser tirado dos meus ombros.