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Madelyn Lewis

- Vinnie... - sussurrei, incrédula.

- Eu mesmo, linda. Em carne e osso.

Eu caí de bunda na cama, completamente incrédula.

Meu corpo inteiro parecia travado, como se o tempo tivesse parado ali, entre minha respiração descompassada e o som abafado dos meus pensamentos gritando: "Não pode ser ele... não pode ser..."

Mas era.

De repente, o quarto se iluminou com uma luz roxa, suave, misteriosa, quase sobrenatural. A mesma cor que ele sempre dizia que combinava com o meu olhar quando eu estava com raiva. Era como se aquele quarto tivesse sido montado só pra esse momento.

E então… eu o vi.

Consegui ver o rosto dele.

Vinnie.

O mesmo olhar cínico, aquele sorriso torto, provocador. A barba por fazer, os olhos brilhando com uma intensidade que eu reconheceria em qualquer lugar. Ele parecia mais magro, mais sombrio... mas ainda assim, era ele. Vivo. Real. Na minha frente.

Eu queria levantar, gritar, bater nele, beijar ele, perguntar onde ele esteve... tudo ao mesmo tempo. Mas eu não conseguia me mover. Só conseguia encarar. E ele? Ele me olhava como se tivesse acabado de me ver pela primeira vez.

- Você não morreu... - minha voz saiu trêmula, baixa, quase sem ar.

Ele deu um passo à frente, tirando o capuz lentamente, sem pressa. Como se quisesse me deixar saborear aquele momento.

- Não, linda. Eu nunca estive tão vivo.

E foi aí que a adrenalina tomou conta de mim de vez.

- Filho da puta! - explodi, levantando de repente - Você sumiu! Me deixou! Me fez achar que eu tava ficando louca! E agora aparece assim?!

- Calma, calma... - ele riu, com aquela voz baixa e maldita - Você ainda é tão brava... é tão linda assim.

- Vai se foder, Vinnie! - gritei, a arma ainda na minha mão. Mas agora... eu tremia. De raiva. De alívio. De tudo.

- Senti sua falta também, Madelyn. - ele disse, dando mais um passo, agora bem perto.

Eu ainda não sabia se o matava ou se desabava em seus braços.

Mas uma coisa era certa: algo muito maior estava acontecendo… e aquela noite estava só começando.

Ele deu um passo em minha direção, a mão erguida, tentando tocar meu cabelo. Aquela maldita ousadia. Aquela maldita naturalidade dele.

Mas antes que encostasse em mim, eu me levantei num pulo, apontando a arma direto pro peito dele.
Ele ergueu as mãos devagar, com aquele maldito sorrisinho de canto nos lábios. O mesmo que ele fazia quando sabia que tava me tirando do sério.

- Não ouse encostar em mim! - minha voz saiu afiada, carregada de mágoa. - Você é um filho da puta, Vinnie! Um desgraçado egoísta que me deixou chorando, sofrendo, gritando de dor por dias, semanas, meses, anos! Você sabia! Você sabia que eu tava morrendo por dentro e mesmo assim ficou escondido, fingiu a porra da sua morte! PRA QUÊ? PRA QUE, VINNIE?!

Fui empurrando ele com a arma, passo por passo, até vê-lo encostar na parede.

E o que ele fez?
Sorriu.

Um sorriso cínico, safado, e quando encostou o corpo ali, eu vi, ele mordeu o lábio, descarado, enquanto os olhos desciam lentamente pelo meu corpo como se eu fosse dele. Como se ele nunca tivesse saído.

Desejo Mortal - Vinnie Hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora