Leah passou boa parte da madrugada, acordada e conversando comigo. Contamos uma à outra, coisas aleatórias de nossa vida, como o maior mico, ou algum arrependimento, planos para o futuro. Era estranho pensar nela como apenas uma personagem. Ela tinha um passado e queria um futuro. Parecia mais uma pessoa real que muita gente que eu conhecia.
Eram umas quatro da madrugada, quando paramos em um velho posto de gasolina. Leah me ajudou acordar os garotos, para que pudesse ir ao banheiro e, quase morri de rir quando ela foi acordar Bernardo e ele disse: Só mais cinco minutinhos, mãe!
Eu enchi o tanque e também decidir ir à lanchonete. Peguei algumas latas de refrigerantes e comprei alguns salgados. Voltei para o carro e encontrei todos lá.
-Quer que eu dirija agora, Alex?- perguntou Bernardo.
-Não. Durma mais um pouco. Eu ainda estou bem elétrica. - afirmei.
Bernardo olhou para o porta copos e se assustou:
- Não me surpreende. Como conseguiu beber metade do nosso estoque de refrigerante?- perguntou ele.
-Relaxa, foram só... - parei para contar. - Doze latas.
-Muita cafeína. - concluiu ele.
-Deixa qualquer acordado. Volte a dormir. Prometo nos manter vivos até acordar. - afirmei.
Ele concordou e voltou para seu lugar. Entramos no carro e nos coloquei de volta na estrada. Leah avisou que estava enjoada do sacolejo do carro e que tomaria um remédio para que pudesse melhorar, mas o tal lhe causaria muito sono. Eu prometi a ela que ficaríamos de olho, caso passasse mal e a socorreria, que poderia dormir tranquilamente. Coloquei outro cd e apreciei a vista da estrada.
Naquela madrugada, fiz questão de não pensar. Queria apenas curtir a paz e tranqüilidade em que a estrada me oferecia. Mas ali estava eu de novo, pensando na vida e o que faria com ela. Comecei a rir sozinha.
-O que foi?- perguntou Mason.Assustei ao ver que me observava.
-Ironia da vida. Não deveria voltar a dormir?- perguntei.
- Perdi o sono. De que ironia se referi?
-Lembra do meu primo que mencionei a você?
-Sim.
-Então, se ele pudesse me ver agora, ele faria duas perguntas a mim: Quem é você? E o que fez com a Alexa?
-Porque falaria isso?
-Digamos que ele me acha um ser sem coração e fria. Para ele, seria quase impossível eu ajudar alguém que não seja eu mesma na vida. Ele não acreditaria que eu poderia estar ajudando você por livre-arbítrio.
-Senti saudades deles, não é? Da sua família?
-Bastante. Por mais que brigamos muito, ele e minha tia foram os únicos que me quiseram, é a minha única família. Nossas brigas é só um modo de dizer que estamos tentando nos adaptar, a companhia um do outro.
- Então deve estar louca para ir para casa. - comentou ele, triste.
-Nem tanto. Aqui não é um tão ruim assim.
Senti o ar ficar pesado. Eu não queria aquela tristeza. Não era hora para ela.
-Sabe, por mais que meu pai tenha feito coisas... horríveis. Ele me ensinou algo muito importante. - afirmei, lembrando.
-O quê?- perguntou ele.
-Me lembro de cada palavra: Minha filha, esse mundo é enorme, mas não quer dizer que não possa mudá-lo. Ele está cheio de pessoas de palavras, mas ainda lhe faltam pessoas com atitudes. Então lhe digo, minha pequena, se não está feliz com o céu azul, vá e o mude. Troque e coloque a cor que quiser. Tem coisas que foram feitas para serem admiradas, outras questionadas, mas poucas pessoas as mudam. Faça o que tiver que ser feito,Lexy . - contei.
Ele riu.
-Seu pai me parece uma pessoa sábia. - disse ele.
-É. - confirmei.
-Quem lhe chamava de Lexy?- perguntou ele, sorrindo.
-Só meus pais. Eu sei, esse apelido é horroroso, mas minha família sempre foi péssima com isso. - falei rindo.
-Não é tanto. Eu gostei. - confirmou ele.
-Que ótimo. Pegue-o para você!- brinquei.
-Posso?- seu tom não revela ironia nem brincadeira. Ele estava pedindo permissão para me chamar de Lexy.Desviei o olhar da estrada por um instante, o encarando. Como iria negar algo a ele? Impossível. Respirei fundo e confirmei com a cabeça. Ele sorriu feliz. Caramba, que sorriso! Selecionei outro cd e abri mais uma lata de coca.
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The Cursed Book {Em Revisão}
Romance☀Livro I da Série Cursed☀: Alexa tinha uma vida quase normal. Após a morte de sua mãe, ela tem de morar com sua tia e seu primo Ryan. Um bairro novo. Uma aventura nova. O que ela não sabia era como sua vida ia mudar após encontrar a mansão abandona...