XXI

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Apreciamos as primeiras músicas e estragamos... quer dizer, cantamos Radioactive.
-Bernardo, você não tem algum apelido? Sinto-me sua mãe, quando falo contigo, lhe chamando pelo nome. - afirmei, rindo.
-Você seria minha mãe se me chamasse de Bernardo Ruiz. Da até medo. - disse ele, rindo junto comigo. - Mas quando era pequeno, todos me chamava de Bear.
-Porque? - perguntei rindo.
-Eu era fofo. E sempre que me flagravam comendo alguma coisa, estava todo lambuzado. Ursos são assim. E também são quentes, me lembram a minha mãe. - disse ele.
-Ela é legal. - comentei.
-Estou falando da minha mãe verdadeira. Eu sou adotado, Alex. Aquela que conheceu é minha mãe adotiva. Fui adotado pequeno, mas me lembro dela. De como me colocava em seu colo quente e cantarolava até eu dormir. - disse ele, sério.
-E como superou a perda dela?- perguntei.
-Não sei. Eu era pequeno, foi fácil. Porque a pergunta? - questionou-me ele.
-Nada demais. Achei que poderia me dar algumas dicas de como seguir em frente. Perdi minha mãe faz três meses. - afirmei cabisbaixa.
-Eu sinto muito. - disse ele.
-Não se preocupe. Só estou tentando seguir... - confessei.

Ficamos em silêncio por um tempo.
-Acho melhor pararmos um hotel e dormimos. Não tomo um banho descente a quase dois dias. - afirmei, fazendo uma careta.
- Verdade. Devemos estar fedendo. Paro no próximo hotel. - disse ele.
- Aleluia. Finalmente um chuveiro. Dá até uma felicidade por dentro, sabe? - falei rindo.
-Dá até motivo para ir mais rápido. - falou ele, acelerando.
-Vai devagar, Bernardo Ruiz. - disse séria, imitando uma voz mais adulta.

Ele me olhou assustado e comecei a rir.
-Calma, Bear. Não quero ser sua mãe não, mas não exagere na velocidade. -aconselhei.
- Certo. Enquanto isso, DJ, troque nosso cd e deixe esse expresso mais animado. - afirmou ele rindo.

Quando por fim, a Lua surgiu, conseguimos achar um hotel na beira da estrada.Não era um cinco estrelas, mas para mim estava ótimo. Tivemos sorte, já que na frente do hotel havia um bar e do lado um posto de gasolina. Assim amanhã, quando partíssemos, sairíamos de tanque cheio. O bar pouco me interessou. Eu tinha certo remorso do local, já que foi bêbado que meu pai tentou me matar e assassinou minha mãe. Bernardo usou a buzina para acordar os dois dorminhocos lá atrás e choramos de rir do susto deles. Tanto Leah como Mason, repetiram a pergunta de Bear e perguntou como eu estava. Afirmei que estava tudo bem e que não havia com que se preocupar.

Na recepção do hotel, pedimos dois quartos: um para mim e Leah; outro para Mason e Bernardo. Subimos e verificamos os quartos, um ao lado do outro. Disputei com a Leah para ver quem teria o luxo de tomar banho primeiro, mas n fim a deixei ir primeiro. Descemos e fomos comer na lanchonete do posto que estava aberta. Despedimos-nos e fomos deitar. Sem sono, apenas deitei com o meu celular no bolso da calça.
-Está bem mesmo? - perguntou Leah.
-Estou. Foi só um efeito por não ter tomado meu remédio no horário certo. - afirmei.
-Que bom.Hoje foi um dia e tanto. - disse ela, deitando.
-Nem me fale. - concordei.
-É, Mason contou para nós sobre a floresta. - disse ela tranqüila.

Pulei da cama.
-O quê ele disse? - perguntei. Acho que nessa hora fiquei pálida.
-Que encontraram uma protetora da floresta e que a salvaram de uma magia negra. Ela agradeceu e voltaram para o carro. Foi só isso, não é? - perguntou ela. Ele não falou do Archer e nem do beijo, para o meu alívio. Acho que não conseguiria olhar no rosto de Leah se ela soubesse disso.
-Claro. Foi exatamente isso. Eu quase me esqueci o que havíamos feito isso. Os pesadelos bagunçaram minha mente. - menti.

A verdade era que eu me lembrava sim, mas queria esquecer, principalmente das imagens dos assassinatos de Archer. Ele era um espetáculo, mas não o suficiente para me oferecer para ser parte da sua alimentação. Uma das coisas que não queria esquecer foi de Mason: como me protegeu, me defendeu e como beijava. Balancei a cabeça, voltando à realidade.

The Cursed Book {Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora